sábado, 27 de fevereiro de 2010

Grêmio Estudantil, escola de política

Os anos 60 foram particularmente propícios para atividades da política estudantil.

E foi assim a minha estréia, que num pleito difícil e histórico, ganhei as eleições, vencendo o estudante Sebastião França na disputa pela presidência do Grêmio Literário Castro Alves, do colégio estadual José Ludovico de Almeida, em Anápolis, em 1960.

Na presidência do Grêmio Literário Castro Alves consegui inúmeros avanços em benefício dos estudantes do colégio. Foi através de reivindicação do Grêmio que a quadra de esportes foi construída anexa ao colégio, pelo governo de Mauro Borges, assim como foi mobiliado o auditório de festas e teatro, que por muito tempo não tinha como ser utilizado por falta de cadeiras e outros móveis.

Com a realização do concurso para escolha da rainha dos estudantes, em que a vencedora foi Vanda Barbosa, conseguimos recursos que foram aplicados em material esportivo, livros para a biblioteca e o primeiro corpo humano desmontável para as aulas de biologia. O Grêmio Literário Castro Alves comandou todos os movimentos reivindicatórios pela melhoria da qualidade de ensino e por maiores salários para os professores. O papel do Grêmio foi fundamental em todas as ações cívicas, sociais e esportivas dos estudantes anapolinos.

Ao final do mandato, procurei um dos colegas do Grêmio para disputar a eleição e dar continuidade ao trabalho que havia sido feito. Muitos foram os pretendentes à presidência. Milton Alves Ferreira, José Abdalla Badauy e Lenine Bueno não abriram mão de disputar pelo grupo que apoiava e auxiliava minha administração. Envidei todos os esforços, com intermináveis reuniões, em busca do consenso para que apenas um deles representasse o grupo. Mesmo sem ter adversários declarados a oposição era forte e dividida como estava nossa base de apoio corríamos o risco de perder o pleito.

Esgotadas as possibilidades de uma só candidatura representando o grupo, foi elaborado um manifesto com centenas de assinaturas reivindicando que o Grêmio continuasse a sua ação progressista com a minha candidatura à reeleição.

Ainda tentei acordo com os demais postulantes do nosso próprio grupo para evitar que tivesse que disputar a reeleição, mas foi impossível conseguir unidade. Não restou outra alternativa que não fosse a de ser candidato. Meus adversários foram os próprios companheiros.

O trabalho que realizara de forma eficiente e democrática me garantiu ser reeleito presidente do Grêmio Literário Castro Alves por expressiva margem de votos.

Ao terminar minha segunda gestão como presidente do Grêmio, já quase ao final de 1963, decidi disputar a presidência da UIEA, União Independente dos Estudantes Anapolinos.

Para aquela eleição as regras foram mudadas. Nas eleições para a UIEA o presidente era eleito com os votos de delegados, representantes dos colégios da cidade, em número proporcional aos alunos de cada escola.

Os estudantes Levy Schetini e Jacy Fernandes, mudaram os estatutos de União Independente dos Estudantes Anapolinos – UIEA, para a União dos Estudantes Secundaristas de Anápolis – UESA. A eleição do presidente, ao contrário das eleições anteriores, seria pelo voto direto de todos os estudantes de Anápolis.

Candidatei-me à presidência e, sem outros concorrentes, fui candidato único. A participação dos estudantes foi enorme, em todas as escolas. Mesmo sendo candidato único, poucos foram os votos nulos e brancos.

Tomei posse no final de 1963 e permaneci no cargo até 31 de março de 1964, quando foi imposto o golpe militar que destituiu o Presidente João Goulart. Nesta época todos os movimentos políticos estudantis compromissados com avanços sociais foram destituídos e arrasados.

Não foi diferente com o Grêmio Literário Castro Alves e a UESA naquele momento histórico.

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