sábado, 25 de setembro de 2010

Parceria do público com o filantrópico

Publicado na edição de 25/09/2010 do jornal Diário da Manhã

Inúmeras têm sido as reclamações contra a precariedade no atendimento aos que necessitam de cuidar da sua saúde, na rede pública de Anápolis. O quantitativo de médicos é cada vez menor. A reclamação dos profissionais é grande contra o salário pago pela Secretaria Municipal da Saúde. Com a ausência de médicos, as filas diárias no Hospital Municipal são intermináveis. Maior carência é no setor de pediatria. Tem se transformado em rotina a afixação de avisos no saguão do hospital anunciando a ausência de pediatra ou clínico geral, levando as mães, a maioria com filhos de colo, ao desespero. Os médicos e demais servidores se desdobram nos plantões, mas por serem em número reduzido não conseguem atender toda demanda. Nos postos de saúde, da cidade e zona rural, a situação ainda é mais precária. Em Goialândia, por exemplo, só há atendimento médico de 15 em 15 dias. Praticamente toda a população comparece ao posto quando há médico no distrito, causando constantes desentendimentos entre os pacientes que comparecem em busca do atendimento médico.

Por ser odontólogo, fucionário da secretaria municipal de Saúde, integrante do Conselho Municipal de Saúde quando vereador, o prefeito tem sido muito cobrado pela população e pela imprensa. A fórmula utilizada até agora para administrar a saúde pública municipal não resolveu os problemas do setor. Estão cada vez mais precários. Sendo a saúde pública municipalizada, todos os recursos financeiros oriundos das áreas federal, estadual e municipal, disponíveis a saúde, são geridos pelo secretário municipal da Saúde. A título de comparação, em 2000, último ano da minha administração como prefeito, a média da arrecadação total do Município, não ultrapassou 6 milhões de reais por mês. Atualmente só a Secretaria Municipal de Saúde, tem à sua disposição, de 7 a 9 milhões de reais mensais. A crise reside em outro setor, não na falta de recursos financeiros.

Enquanto as reclamações aumentam a cada instante pelo atendimento no Hospital Municipal, postos de saúde e outros setores da saúde pública municipal, o Hospital de Urgência Henrique Santillo, administrado pela equipe da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, sob o comando da irmã Rita, tem realizado papel extremamente relevante. Acidentados, feridos por armas de fogo e faca, enfartados, atacados por cães e todo tipo de casos urgentes e de emergência são prontamente atendidos por equipe competente e altamente especializada. Sempre há uma de plantão.A prestação de serviço do hospital de urgência é de primeira qualidade. Nesse tempo de funcionamento milhares de vidas foram salvas pela dedicação de toda equipe de médicos, enfermeiros e funcionários do hospital. Numa pesquisa feita junto à população da cidade, quando se indagou qual o setor público de maior conceito no Município, o Hospital de Urgência Henrique Santillo é o mais citado. Juntamente com o corpo de bombeiros são os dois setores realçados pelos entrevistados.

Incansável na sua luta pelo atendimento aos necessitados que recorrem ao Sistema Único de Saúde- SUS, irmã Rita inaugurará em novembro vindouro, moderníssimo aparelho de Ressonância Magnética na Santa Casa. Será o único aparelho dessa complexidade a atender pacientes do SUS, com presteza e agilidade em Anápolis. Hoje uma ressonância magnética fica em torno de R$ 800,00. Conseguir atendimento pelo SUS pode demorar meses. A direção da Santa Casa já está discutindo com a secretaria municipal de Saúde, que implantado o aparelho de Ressonância Magnética , provavelmente dia l0 de novembro, possa atender os pacientes do SUS, imediatamente. Parceria do público com o filantrópico está dando certo em Anápolis.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mentiras repetidas têm destruído pessoas de bem

Publicado na edição de 16/09/2010 do jornal Diário da Manhã

Campo propício para fofocas, grandes e pequenas, é o político. Há as revestidas de alguma lógica e as que agridem a inteligência até dos mais insensatos. Por mais ridículas e absurdas que sejam, sempre há os que nelas acreditam. Fazem questão de acrescentar detalhes ao difundi-las. As propagam por má-fé ou por ignorância. Não elucidadas comprometem a reputação de pessoas trabalhadoras, corretas e inocentes.

Quando Henrique Santillo encerrava o mandato de governador, em 1999, seus inimigos propagaram pelo Estado inteiro que ele estaria construindo um moderno e amplo hospital em Ribeirão Preto-SP. Afirmavam despudoradamente que a obra estava sendo edificada com recursos públicos de Goiás. A princípio o governador ignorou o boato. Em pouco tempo a fofoca ganhou dimensão e status de verdade. Os fofoqueiros, maldosamente, afirmavam ter visto carretas de cimento, mármore e ferro deixando o Estado rumo a Ribeirão Preto. Foi preciso que Henrique Santillo determinasse a ida de uma equipe de televisão àquela cidade, buscando informações oficiais na prefeitura, Crea e cartório de imóveis. Ficou esclarecido não possuir imóvel no município e nenhuma obra estava sendo construída naquela cidade em seu nome ou seu parente.

Contra Maguitto Vilela, os futriqueiros lhe criaram, maldosamente, a imagem de político que persegue a cidade de Anápolis. Atribuíram-lhe a responsabilidade pelo fechamento da tecelagem Vicunha.

Alguns dias antes do seu fechamento, o presidente do grupo Vicunha, Benjamin Stainbruck, participou do lançamento da pedra fundamental da ampliação da empresa no Daia. Todo apoio que pediu ao governo estadual - Maguito Vilela - e Prefeitura de Anápolis lhe foi garantido. Além do terreno, receberia incentivo do Fomentar e auxílio financeiro da Prefeitura de Anápolis para edificação do prédio que abrigaria a ampliação. Como prefeito municipal, recebi da Câmara Municipal, por lei, autorização para ajudar a indústria têxtil. Depois de tudo acertado, alegando concorrência predatória de produtos confeccionados na China, decidiu mudar de ramo. Adquiriu a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, privatizada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Não só desistiu do projeto de ampliação como optou pelo fechamento da Vicunha em Anápolis. Os inimigos de Maguito esparramaram por toda cidade que o governador teria sido o responsável pelo fechamento. Ao mesmo tempo acrescentaram que a Perdigão só não veio para Anápolis porque Maguito não permitiu. Até hoje se ouve na cidade que Maguito é inimigo do município. Por entendê-la absurdo dos absurdos, não se defendeu quando estava no governo. Hoje não há ninguém da Vicunha disposto a esclarecer a verdade. Se o governo estadual tinha poderes para fechar a empresa, como alardeiam sem escrúpulo, por que as administrações que sucederam Maguito Vilela não a reabriram?

Outra fofoca que tem sido intensamente divulgada por adversário de Iris Rezende Machado, em período eleitoral ou não, é que ele exonerou de 20 a 30 mil funcionários públicos do Estado, pelo decretão, no início do seu governo, em 1983.

O maior número de atingidos pelo decreto pertencia à Secretaria Estadual da Educação, da qual eu era o secretário. Porteiros, serventes e merendeiras por receberem pequenos vencimentos, próximos ao salário mínimo, ficaram fora dos efeitos do decreto. Professores e administrativos foram por ele atingidos por terem sido contratados após o dia 2 de abril de 1982, período que a Lei Eleitoral proibia contratações. Por minha sugestão e prontamente aceita pelo governador Iris Machado, os que estavam trabalhando desde o início do ano letivo de 1982, mesmo que contratados após o dia 2 de abril, foram excluídos do efeito do decreto. Eles eram vítimas do governo anterior, que os colocou para trabalhar, segurando vaga, sem receber salário. Entendemos serem injustas as exonerações. Caso fossem punidos por terem sido contratados em período que a Lei Eleitoral proibia, seriam injustiçados duas vezes: por trabalharem sem qualquer remuneração e contratados em período ilegal, quando já serviam ao Estado há muito tempo. Continuaram nas escolas. Dos 12 mil servidores atingidos pelo decreto, apenas uns 100 não conseguiram provar vínculo com a escola antes de 2 de abril ou não quiseram continuar na rede educacional do Estado. Os demais foram readmitidos por mim, como secretário, devidamente autorizado pelo governador Iris Rezende Machado. As exonerações não passaram de uma centena. Efetivamente não houve exoneração em massa como repetem constantemente os desinformados.

As demais secretarias não dispunham de muitos servidores contratados depois do dia 2 de abril de 1982. Portanto foram poucos os atingidos. Como falar em milhares se os trabalhadores da educação continuaram em seus postos? Prevalece a fofoca que Iris Rezende Machado exonerou milhares de servidores públicos por capricho político.

domingo, 12 de setembro de 2010

Drama de um corintiano fora do ninho

Publicado na edição de 12/09/2010 do jornal Diário da Manhã

Menino, com idade de 13 anos, comecei a torcer pelo Sport Clube Corinthians Paulista. A primeira partida sua, que ouvi a narração por Pedro Luiz, da Rádio Bandeirantes de São Paulo, foi pelo torneio Rio-São Paulo de 1952, contra o Flamengo, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O rubro-negro contava com craques famosos como Joel, Dequinha, Rubens, Índio, Evaristo, Garcia... Já o Corinthians era composto de Cabeção, Homero, Olavo, Idário, Roberto e Goiano, Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Souzinha. No banco ficavam, dentre outros, Mário, Gilmar e Nono. O técnico era Osvaldo Brandão, que conquistou pela equipe o campeonato paulista de 1954. Título do IV Centenário de São Paulo. Naquele jogo de 52, a equipe paulista venceu o rubro-negro carioca por 6 x 0. Um dos gols foi de Mário, exímio driblador, que passando por toda defesa flamenguista adentrou ao gol com a bola, sentando-se sobre ela.

Daqueles áureos tempos até hoje muita coisa aconteceu. Para mim, como para qualquer outro corintiano, em momentos de vitórias ou reveses, a paixão pelo time continua a mesma. Nesse tempo todo acompanho as façanhas do Timão pelo rádio e televisão. Conto nos dedos da mão os jogos que assisti nos estádios. Prefiro a comodidade da poltrona. Preferencialmente sozinho. Minha vibração não é extravasada com gritos de euforia. Sinto a manifestação de alegria de todas as células e neurônios com os gols e vitórias do time. Da mesma forma alguma coisa me abafa e sufoca com os gols e vitórias dos adversários.

Em 2005, decisão do campeonato brasileiro da Série A, fui assistir o jogo contra o Goiás, no Estádio Serra Dourada. Esmeraldinos e alvinegros dividiam praticamente ao meio a enorme torcida ali presente. Cheguei minutos antes do início da partida. As coisas estavam bastante favoráveis ao Timão. Só mesmo enorme zebra, numa combinação de resultados quase impossível acontecer, lhe tiraria o título. A vitória do Goiás, por um gol de diferença, não seria suficiente para que o Corinthians não fosse campeão. O Internacional dependeria da vitória do Goiás por goleada, além de ter que golear seu adversário, no Olímpico, em Porto Alegre.

Sem maior preocupação, disposto a observar de longe as jogadas no gramado e a postura da torcida corintiana nas arquibancadas, fiquei ao lado dos torcedores menos radicais do Goiás. Fui recebido com satisfação por meus conhecidos esmeraldinos. Em pouco tempo o Timão abriu o placar. Ficou do jeito que gosto. Vibrei internamente ao lado de uma torcida calada, muito comportada. Assisti, de longe, a vibração dos jogadores em campo, e a fiel enlouquecida do outro lado, nas arquibancadas, como vejo pela televisão.

Dali em diante só deu Goiás. No empate, os alviverdes explodiram de satisfação. Em pé, subiam nas cadeiras, se abraçavam, desferindo palavras ofensivas aos corintianos. Eu que vibrei calado, sentado, sem nehuma explosão de satisfação no gol do meu time, tive que compulsoriamente levantar-me, confraternizando com os esmeraldinos, nas três vezes que o Goiás marcou. Não mudei de arquibancada porque meu neto estava se deliciando com a farra dos alviverdes. Só fui eu mesmo, nos dois gols do Corinthians. Os comemorei intimamente, sentado e em silêncio. Pelo menos isso a torcida alviverde me proporcionou. Durante os 90 minutos abracei muita gente, gritei numa falsa explosão de alegria e realizei muito exercício físico nos gols do Goiás. Com tantos senta-levanta e pulos nas arquibancadas, não tive ânimo para comemorar o título com a Gavião da Fiel, no estacionamento do Serra Dourada. Não sei o porquê, mas continuo preferindo assistir pela televisão os jogos do Timão. De preferência sem áudio. Dessa forma acompanho com maior segurança suas vitórias e derrotas. Não choro quando o time perde. Não preciso pular, gritar, abraçar e vibrar com os gols e vitórias dos seus adversários.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Xata e Galo: forças do futebol anapolino

Publicado na edição de 05/09/2010 do jornal Diário da Manhã

A Associação Atlética Anapolina é a equipe de futebol mais antiga de Anápolis. Fundada no final de 1921, ou início de 1922, com o nome de Bahia Esporte Clube, em homenagem ao dr. Faustino Plácido do Nascimento, baiano, torcedor do Bahia. Faustino foi o doador do terreno na Praça do Bom Jesus para o primeiro campo de futebol da cidade. Em 11 de fevereiro de 1931, transformou-se em Anápolis Esporte Clube. Finalmente em 1° de janeiro de 1948 surgiu a Associação Atlética Anapolina. Seu primeiro presidente foi Gisberto Ferraresi.

O Anápolis Futebol Clube surgiu em 1938 como União Esportiva Operária, tendo sido seu presidente João Isaac Abrão. Em abril de 1951, mudou seu nome para Anápolis Futebol Clube, sob a presidência de João Beze. O uniforme vermelho da Anapolina vem desde seus tempos de Bahia Esporte Clube. Já as cores da União Esportiva Operária eram amarela e branca, com listras verticais, largas. Quando em abril de 1951, União Esportiva Operária transformou-se em Anápolis Futebol Clube, as cores mudaram para preta, vermelha e branca e listras verticais estreitas, nos moldes da seleção paulista de futebol.

O emblema da União Esportiva Operária se assemelhava ao emblema da Federação Paulista de Futebol , com as letras U.S.O. Já o Anápolis Futebol Clube possui camisa semelhante à Federação Paulista, mas seu emblema foi copiado do Santos Futebol Clube.

Em 1948, quando a Anapolina foi fundada, seus dirigentes se reuniram para discutir o emblema a ser adotado pela equipe. As ideias colocadas em discussão foram as mais variadas possíveis. Analisados os prós e contras, nenhuma prosperava. Essa discussão interminável angustiava a todos. Já ao final da reunião, sem que houvesse acordo entre os participantes, Iberê, que como representante dos atletas rubros participava da discussão, foi o grande responsável pela escolha do emblema da xata. Vestido com camiseta da Associação Atlética Francana, da cidade paulista de Franca, Iberê ao se levantar para deixar a reunião, despertou a atenção de um dirigente ao ver o emblema da Francana, na camisa que vestia. Um círculo maior contendo três círculos menores cada um com uma letra. Foi o símbolo aprovado por todos, nos mesmos moldes da Francana, com a letra F substituída por mais um A.

Essa influência do futebol paulista sobre os times anapolinos ganhou mais destaque a partir de maio de 1942. Botafogo de Ribeirão Preto passava por crise administrativa e financeira. Seus principais jogadores como Edmundo, Tíntias, Seu Chico, Riograndino e outros vieram para o Anápolis Esporte Clube, trazidos por Alceu, grande desportista anapolino. Esses craques fizeram surgir a “Pantera Goiana,” o melhor clube de todos os tempos em Goiás. Pantera Goiana foi qualificação que a imprensa esportiva deu à forte equipe do Anápolis Esporte Clube, a partir de 1942 até 1945.

Nos campeonatos organizados pela Liga Anapolina de Desportos e que participaram, Associação Atlética Anapolina foi seis vezes campeã; Ypiranga Atlético Clube, quatro vezes campeão; Anápolis Futebol Clube e São Francisco Esporte Clube, duas vezes campeões cada um.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Unidos pela causa maior

Publicado na edição de 03/09/2010 do jornal Diário da Manhã

Goiás teve papel relevante na resistência à ditadura de 1964. Fez parte de uma oposição combativa e coerente. O grupo Santillo, autêntico, fez do Movimento Democrático Brasileiro–MDB de Anápolis, um dos mais respeitados em todo o Brasil. Seu lema era: liberdades democráticas já! Não fazer concessão aos ditadores. Para o MDB, liberdade era o caminho contra as desigualdades sociais. Não se curvava aos prepotentes. As violências praticadas pelos ditadores eram vistas como naturais e previsíveis. Prisões arbitrárias, cassações de mandatos, fechamento de emissoras de rádio, perda de autonomia política do município, supressão de eleições, censura à imprensa e perseguições não o amedrontavam. Ao contrário, isso o unia e purificava. Sim, purificava, porque nem todos resistiam.

Meu papel no grupo sempre foi desbravar a terra bruta. Era o primeiro a adentrar campo desconhecido e minado. Os companheiros diziam que esse era o trabalho do trator que abria picadas.

Fui lançado a prefeito de Anápolis, em 1969, pelo jornalista Moacyr Junqueira, integrante da executiva do MDB, forçando a candidatura de Henrique Santillo, que já despontava como a maior liderança da oposição no município. Atendendo ao clamor popular, Henrique disputou e venceu o pleito. Foi perseguido por adversários e correligionários adesistas que temiam sua liderança em ascensão. Em 1974, para que Henrique continuasse na ativa, abri mão da reeleição para deputado estadual disputando cadeira à Câmara federal. Henrique candidatou-se a deputado estadual. Na minha terceira reeleição, deixei o Congresso Nacional para assumir a Secretaria Estadual da Educação, em 1983, no primeiro governo de Iris Rezende Machado. Meu papel foi trabalhar pela educação no Estado e consolidar o nome de Henrique Santillo, como candidato ao governo em 1986. Deixei de ser deputado Constituinte em 86, para ser prefeito de Anápolis, em 1985, num mandato tampão de três anos. Desobstruí o caminho para que meu irmão chegasse ao governo do Estado. Vários deputados e candidatos a uma vaga na Câmara Federal ameaçavam abandonar sua candidatura, apoiando Mauro Borges, que até aquele momento pertencia ao PMDB, caso me candidatasse deputado.

Essas ações e mudanças repentinas na minha caminhada política, sempre as encarei como necessárias e normais. Faziam parte de um projeto maior: redemocratização do País e Henrique Santillo governador. Fizemos trajetória política de forma harmônica, memorável e vitoriosa. Mesmo quando Henrique decidiu ficar à frente do governo até o último dia, me tornando inelegível para o pleito de 1990, apoiei sua decisão. Ao seu lado estávamos Romualdo e eu, quando deixou o Palácio das Esmeraldas.

Juntamente com o senador Irapuan Costa Júnior, conseguimos apoio do governador Joaquim Roriz e da bancada do PP no Congresso Nacional, a seu favor para o Ministério da Saúde, no governo Itamar Franco. Onaide e eu ingressamos no PP em 1994, para que Henrique Santillo continuasse no Ministério. Pepistas tramavam seu afastamento sob a alegação de não ser correto o irmão do ministro do PP ser candidato a deputado federal pelo PMDB. Fiquei na primeira suplência. Obtive mais votos que os dois últimos eleitos pelo PMDB. Votos foram de peemedebistas, pois não tive condição de organizar o PP em lugar nenhum do Estado, pela exiguidade de tempo.

Só divergimos em 1986, com o Brasil redemocratizado. Democracia que tanto batalhamos por ela. Disputamos a eleição para a Prefeitura de Anápolis em legendas diferentes. Antes Romualdo e eu, acompanhados do radialista Geraldo Divino, fomos até sua residência para saber se não estaria disposto a disputar a prefeitura. Foi categórico ao afirmar que o perfil do eleitor de Anápolis já não era o mesmo de eleições anteriores e que estava pendurando as chuteiras. Diante da sua contundente resposta, lhe informei que seria candidato. Quando estava com campanha na rua, fui surpreendido pelo anúncio da sua candidatura também.

Ao lado da odontóloga Carla Santillo, sua filha, instalaram e executaram em Anápolis, na minha administração, o primeiro Programa Médico da Família, em Goiás. Só deixou o programa em 1999 para ser secretário da Saúde na administração Marconi Perillo.

O importante é que na luta maior, pela redemocratização, sempre estivemos juntos. É gratificante ouvir, como ouvi na semana passada, de outro baluarte do MDB goiano, ex-prefeito e construtor da atual Paranaiguara, Ênio Tiburcio:

– Vocês fizeram parte da verdadeira oposição em Goiás, nos tempos da ditadura. Vocês escreveram importante página na história da resistência democrática no Brasil!