sábado, 27 de fevereiro de 2010

Duas Câmaras ao mesmo Tempo

Na nossa caminhada política contamos com o apoio e a solidariedade de inúmeros amigos e correligionários.

Sou agradecido a cada companheira e companheiro que nos dedicou amizade e tenho registrado cada um deles em minha memória pela fidelidade, que é o grande elo da vida política.

Dentre os baluartes na defesa das liberdades democráticas, Valter Gonçalves de Carvalho, o Valtinho, teve papel de destaque.

Com apenas 21 anos aceitou meu convite e se candidatou a vereador pelo MDB se elegendo pelo distrito de Rodrigues Nascimento, hoje cidade de Campo Limpo de Goiás. Passou a representar o distrito que havia perdido o seu vereador, pelo falecimento do líder Adão Mendes Ribeiro.

O MDB - Movimento Democrático Brasileiro, no pleito de 1970, elegeu 10 dos 15 vereadores da Câmara Municipal de Anápolis. A eleição para a formação da sua mesa diretora foi tranqüila. Antonio Marmo Canedo, o Toninho, foi eleito presidente, Walmir Bastos Ribeiro, o “Baiano”, para a vice-presidência e Valter Gonçalves de Carvalho, para secretário. A tranqüilidade na Câmara de Vereadores durou até a morte de Antonio Marmo Canedo.

Ao assumir a presidência da Câmara, Walmir Bastos já começou a enfrentar turbulências, pois justamente neste momento, três vereadores do MDB passaram a votar com a Arena, Lincoln Xavier Nunes, Pedro Sérgio Sobrinho e João Divino Cremonez, liderados pelos emedebistas contrários ao prefeito, Henrique Santillo.

A partir de então, a oposição com maioria de oito a sete em plenário, tudo fez para assumir a presidência da Câmara. O intento era tumultuar a administração de Henrique. Tinham a convicção que afastando Walmir da presidência e elegendo um adversário para substituí-lo, promoveriam com auxilio do Serviço Nacional de Informação, SNI, o afastamento do prefeito.

Walmir Bastos Ribeiro resistiu heroicamente à manobra dos adversários ao ponto de ser preso e levado para o DOPS em Goiânia.

Sem a presença do presidente, pois Walmir estava preso, decidiram eleger novo presidente dentre os oito vereadores que formavam a oposição.

Valtinho, na condição de secretário e único membro da mesa presente ao plenário, instalou a Câmara dos Vereadores nas dependências da Biblioteca Zeca Batista, na Praça Americano do Brasil, despachando e colocando em apreciação as matérias oriundas do Executivo.

Enquanto isso, a oposição composta de cinco integrantes da ARENA e três do MDB “positivo”, como se auto-intitulavam, despachava das dependências do Clube Recreativo Anapolino, onde a Câmara já funcionava.

A dualidade das câmaras foi julgada pela justiça, dando ganho de causa a legítima mesa comandada pelo vereador Walter Gonçalves de Carvalho.

Até que houvesse o retorno de Walmir Bastos, até então seqüestrado e preso pelos órgãos da repressão, orientados pela Arena e parte do MDB de Anápolis, Valtinho resistiu a todos os tipos de pressão. Não se acovardou um instante sequer, cumprindo fielmente suas atribuições. Não foram poucas as tentativas dos golpistas para cooptá-lo. Resistiu a todas as propostas bravamente, honrando as tradições de Rodrigues Nascimento.

Essa foi a maior prova de fogo enfrentada por Walter Gonçalves de Carvalho. Sua coerência partidária foi, ao lado da resistência de Walmir Bastos, fundamental para que Henrique Santillo não fosse afastado do cargo pela força.

A história de Anápolis reserva para os fortes, como os vereadores emedebistas do inicio da década de 70, lugar de destaque no pedestal de honra pela luta em favor das liberdades democráticas.

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