sexta-feira, 13 de julho de 2012

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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Paulo Maluf e o Partido dos Trabalhadores


Depois de conviver com permanentes alterações na Constituição outorgada por uma Junta Militar em 1967, verdadeiros golpes dentro do golpe de março de 1964, a sociedade resolveu reagir. Saiu às ruas lutando por eleições diretas para a Presidência da República e redemocratização do País. A Emenda Dante de Oliveira, das “Diretas Já”, não foi aprovada, decepcionando a nação inteira. Mesmo assim o povo não desistiu. Continuou pressionando os congressistas pelo fim da ditadura.

Paulo Maluf, já naquela época o político mais estigmatizado do Brasil, muito colaborou para que o fim da ditadura acontecesse rapidamente. Inconformado com a escolha do general Mario Andreazza para ser o candidato da ditadura no Colégio Eleitoral, onde o Partido Democrático Social (PDS),  partido oficial do governo, detinha a maioria, o ex-governador de São Paulo decidiu enfrentar Andreazza na convenção partidária. Derrotou Andreazza, naquele que foi o maior revés do núcleo central da ditadura, dentro da sua própria base de apoio. A vitória de Maluf, na Convenção Nacional do PDS, contrariou grande parte da base governista. Lideranças como Aureliano Chaves (PDS-MG), Marco Maciel (PDS-PE), José Sarney (PDS-MA) e outras lideranças pedessistas pelo Brasil inteiro fundaram o PFL. Aliaram-se ao PMDB comandado por Ulysses Guimarães, para que numa frente interpartidária enfrentassem no Colégio Eleitoral a candidatura Maluf.

A escolha do candidato, por sugestão dos dissidentes arenistas, recaiu sobre a figura do governador de Minas Gerais, Tancredo Neves (PMDB-MG). Como a Constituição Federal foi elaborada pela Junta Militar em cima do bipartidarismo, não seria possível uma coligação PMDB/PFL. Foi por isso que José Sarney se filiou ao PMDB, para ser candidato a vice-presidente, representando o PFL, usando a sigla do PMDB.

Tancredo Neves, num ato de coragem e patriótico desprendimento, renunciou à governadoria de Minas Gerais, candidatando-se à Presidência da República pelo Colégio Eleitoral. Minoritário no colégio, Tancredo foi a campo em busca de apoio. Cada voto conquistado era comemorado com euforia pelas forças democráticas. Era de um a um. O povo exigia, em todos os Estados brasileiros, adesão dos seus representantes à candidatura Tancredo Neves.

Dentro desse esforço concentrado, com apoio de governistas históricos, a eleição se deu num clima de expectativa total, porque não se tinha a certeza que os que anunciaram seu apoio ao ex-governador de Minas confirmariam o voto no Colégio Eleitoral.

Surpreendentemente, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu se abster da votação. Mesmo com toda população brasileira torcendo e exigindo votação a Tancredo, os deputados petistas, por orientação de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente nacional do PT, decidiram pela abstenção. De nada valeram os apelos dos tancredistas de que sua vitória representaria o fim do regime ditatorial. Diziam que o PT era contra qualquer tipo de eleição indireta. Continuariam contra mesmo para se pôr fim à ditadura. Três deputados petistas, Airton Soares (PT-SP), Bethe Mendes (PT-SP) e José Eudes (PT-RJ), por não concordarem com essa orientação por considerá-la equivocada, votaram em Tancredo Neves. Foram expulsos do partido. Em nome da coerência, o Partido dos Trabalhadores não participou da derrubada  da ditadura. Se dependesse só do PT, se todos fizessem da mesma forma, principalmente os ex-arenistas que ficaram ao lado da vontade nacional, votando em Tancredo, a ditadura militar duraria mais alguns anos.

Agora, toda coerência petista, que para ser diferente dos demais partidos fez o jogo de Paulo Maluf, o jogo da ditadura, se abstendo de votar no candidato Tancredo Neves,  ponte usada pelas forças democráticas para a travessia da ditadura militar para a democracia, se desmorona por completo, quando Lula vai à procura do mesmo Paulo Maluf em busca do seu apoio político e os 90 segundos de horário na TV e rádio, que o PP possui, para seu candidato a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Essa postura nova do PT surpreendeu a todos que não conhecem a verdadeira história do partido. Gente que não conhece esse fato histórico da vida política nacional. Já naquela época, fez o jogo de Maluf. Ao não votarem poderiam, não fosse a ação firme de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Aureliano Chaves, Marco Maciel, José Sarney e tantos outros, respaldados pelo povo e imprensa livres, eleger Maluf, o candidato da ditadura. Essa atitude de agora só não surpreendeu os democratas daquele tempo e o próprio Paulo Salim Maluf, que, falando ao jornal O Globo, edição de terça-feira, dia 26, no dia em que o PCdoB anunciou apoio a Fernando Haddad, disse que não se oporá se o vice da chapa for comunista. “O PT se comportou à direita de Paulo Maluf. Eu, perto do PT hoje, sou comunista.” Igualaram-se por baixo!

(Diário da Manhã - 27/06/2012)