sábado, 9 de outubro de 2010

Presidente do PMDB de Anápolis abre fogo contra Iris e petistas‏

Por Alexandre Bittencourt, Editor de Política & Justiça do Diário da Manhã

Adhemar Santillo, ex-prefeito do município, diz que o governadoriável do seu partido só ajudou “chacrinha da prefeitura”, reclama que o PT não ajuda nem os seus próprios candidatos e insinua anunciar apoio a Marconi já na próxima semana.

Em entrevista à rádio Manchester FM, de Anápolis, o presidente regional do PMDB de Anápolis e ex-prefeito do município, Adhemar Santillo, fez duras críticas na manhã de ontem ao candidato do seu partido ao governo de Goiás, Iris Rezende, e não poupou a administração do ex-governador e atual prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela. Santillo acrescentou que PMDB e PT em Anápolis não se misturam e fez pesadas acusações à legenda, que, segundo ele, apesar de se vangloriar da administração bem avaliada de Antônio Gomide, não conseguiu dar a vitória na cidade em 3 de outubro a nenhum dos seus candidatos. “Nem estou falando do Iris não, que é do PMDB, mas da candidata dele a deputada estadual (Doutora Dinamélia), do Pedro Wilson (candidato ao Senado) e da Dilma (presidenciável). Todos perderam aqui”, frisou.

O ex-prefeito, que não escondeu em nenhum momento sua mágoa contra o PT de Anápolis, disse que na próxima semana vai anunciar seu apoio neste segundo turno das eleições, deixando a entender que vai ficar ao lado do candidato da Coligação Goiás Quer Mais, Marconi Perillo.

Segundo ele, o governadoriável do PMDB, quando vai ao município, não dá, sequer, um telefonema para os líderes do seu partido na cidade e só participa de carreatas ao lado dos petistas. “Iris está equivocado. Acha que não precisa do PMDB de Anápolis, mas não recebeu nada do PT. Não adianta ficar abanando a mão para as pessoas de cima dos carros. Tem de sair pegando na mão do povo, fazendo reunião, entregando santinhos como fazemos aqui”, criticou.

Adhemar acrescentou que não recebeu qualquer apoio estrutural ou financeiro da campanha de Iris para trabalhar pelo candidato em sua cidade. “Não ganhamos um santinho. Bancamos toda campanha. Contratamos até carro com alto-falante próprio”, reclamou. “Iris só teve na cidade os votos que nós tivemos potencial de dar a ele”, arrematou.

O estopim para o desabafo de Adhemar foi uma declaração do prefeito de Anápolis justificando a baixa votação de Iris no município - 22% contra 65,1% de Marconi Perillo. Segundo Antônio Gomide, mesmo tendo avaliação positiva de cerca de 90% da população, o governadoríavel peemedebista perdeu votos em função das administrações do partido mal avaliadas em Anápolis (incluindo a de Adhemar).

O ex-prefeito reagiu lembrando que sua mulher, Onaide Santillo, quando disputou a Prefeitura de Anápolis em 2008, teve 22% dos votos válidos no primeiro turno – exatamente o mesmo percentual de Iris Rezende em 3 de outubro. O mesmo resultado foi obtido pela dupla Maguito Vilela/Onaide Santillo na disputa pelo governo de Goiás em 2006. “Onde estão os votos do PT? Iris só recebeu os votos que, historicamente, o PMDB tem na cidade”, disparou. Santillo destacou ainda que Onaide teve quatro mil votos a mais que Doutora Dinamélia, única candidata com o respaldo da Prefeitura de Anápolis – que não passou de 11 mil votos. Pedro Wilson, candidato petista ao Senado, teve cerca de 43 mil votos em Anápolis, contra, aproximadamente, 92 mil de Lúcia e 134 mil de Demóstenes.

O ex-prefeito negou que suas administrações sejam mal avaliadas na cidade e acrescentou que o mesmo não pode ser dito das gestões peemedebistas à frente do governo de Goiás. “Nós de Anápolis é que fomos contaminados pelas coisas ruins que o PMDB estadual fez. Foi como uma varicela. Ninguém em Anápolis fala que eu fechei a Vicunha ou levei a Perdigão para o Sudoeste” – disse se referindo a fatos atribuídos pelos anapolinos à gestão de Maguito Vilela (1994-1998).

Santillo chegou a narrar um fato ocorrido na gestão de Iris Rezende. “Iris era governador, Otoniel Carneiro, irmão dele, era secretário de Governo. Fomos ao gabinete de Otoniel e, na frente da impressa de Anápolis, ele disse que a cidade não precisava de nada. Que tudo que precisava o Santillo (Henrique, ex-governador e irmão de Adhemar) já tinha feito.”

“PMDB virou um partido restrito a Goiânia”

Diário da Manhã – Está confirmado que o senhor apoiará a candidatura de Marconi?
Adhemar Santillo – Não é bem assim. Eu e Onaide vamos nos afastar do comando da campanha do Iris Rezende, porque o PT, através dos irmãos Gomide, o Rubens (Otoni) e o Antônio (Gomide), está dizendo que o Iris não teve votos em Anápolis em função da fragilidade do PMDB. Eles falarem isso é um direito deles, são nossos adversários históricos aqui dentro de Anápolis, mas na medida em que eles falam e o candidato Iris, que tem conhecimento do que eles estão falando, não nos defende...

DM – O partido está fragilizado?
Adhemar – Se há um diretório do PMDB organizado, este é o diretório de Anápolis. Ao longo do tempo, o PMDB de Anápolis tem enfrentado um desgaste muito grande, mas que foi provocado pela esfera estadual, e não por nós. Os votos que Iris consegue em Anápolis resultam do trabalho do PMDB, e ele sabe disso. Mas, na medida em que insiste em só reconhecer o trabalho de Antônio Gomide, Iris está nos colocando de lado. Se ele realmente acredita que o PMDB de Anápolis atrapalhou, nós vamos sair do comando da campanha dele para que o PT de Anápolis possa dar para ele os votos que no primeiro tuno não deu.

DM – O senhor já expôs sua insatisfação a Iris?
Adhemar – Não. Entendo que ele, como candidato, deveria ter nos telefonado para agradecer os votos que recebeu em Anápolis. Eu ir atrás dele por quê? É ele quem ainda precisa de votos. Deveria, como companheiro, ter agradecido e dito: “Adhemar, reúna o diretório de Anápolis e peça para redobrarem o trabalho”, e não simplesmente ignorar a gente e mandar um terceiro escalão da prefeitura me convidar para participar do encontro que ele teria na quarta-feira em Anápolis.

DM – E se o candidato procurar o senhor e tentar contornar a situação? Pode mudar de ideia?
Adhemar – Não, eu não mudo de ideia. Qualquer movimento que vier agora será um movimento fabricado. Iris fez apenas um comício no primeiro turno em Anápolis, e lá estiveram PT e PMDB juntos. Olha, eu tenho prestígio em Anápolis. Fui prefeito duas vezes, tenho 40 anos de vida pública, assim como ele tem 50, e ele nem sequer convidou a gente para discursar. Isso é uma prova de que ele nem se interessava por nossa presença. Eu não quero ser um estorvo para ninguém. Tenho, na minha biografia, uma lista enorme de serviços prestados ao partido e ao Estado. Então ele pode ficar onde está, na posição dele, que eu vou ficar na minha, de cá, torcendo para que o PT dê a ele os votos que não deu no primeiro turno.

DM – Os seus companheiros de partido, em Anápolis, compartilham da sua insatisfação?
Adhemar – Eles estão dizendo o seguinte: se Iris faz isso conosco agora, que precisa do nosso voto, nos ignora, o que não fará depois que tiver o mandato na mão? Esse é o primeiro aspecto. O segundo aspecto é que há uma revolta dentro do PMDB de Anápolis, por ele ter formado uma bancada com oito deputados estaduais que são de Goiânia. O interior não participa. Catalão perdeu representante, Porangatu perdeu representante, Goianésia perdeu representante, Jataí perdeu representante, Anápolis não elegeu representante. Nós temos oito elementos que são quase uma Câmara de Vereadores de Goiânia. O PMDB virou um partido restrito a Goiânia.

DM – Por que o senhor não reclamou antes e foi para a campanha com estes problemas?
Adhemar – A Onaide teve quase 20 mil votos em Anápolis. Em qualquer outra legenda estaria eleita. Não estou reclamando do partido porque os outros candidatos tiveram votação maior, mas é fato que os deputados eleitos tiveram facilidade para vencer porque estiveram umbilicalmente ligados à prefeitura durante seis anos. O que houve foi um excesso de votos para quatro ou cinco, ou oito que seja, e o resto ficou num limiar de voto grande, mas sem condições de ir para a Assembleia. Candidatos da Capital foram favorecidos.

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