sábado, 5 de junho de 2010

Raul Silva, o craque anapolino (I)

Publicado na edição de 23/05/2010 do jornal Diário da Manhã

“Sou anapolino, com muito orgulho!”, livro de autoria do médico especialista em Neurologia e Neurocirurgia, Wolney Ronaldo Silva, sobre a vida do seu pai, Raul Silva, um dos mais perfeitos atletas de futebol que atuaram em campos anapolinos. Filho de Emídio Estevão da Silva e Adelaide Nunes de Moraes, nasceu dia 28 de julho de 1917, em Anápolis. Casado com Jupira Miotto tiveram cinco filhos: Wolney, Vânia Vitória, Neuza Maria, Eleuza Aparecida e Walter Raulino. Raul recebeu insistentes convites para ser atleta profissional e ingressar no Botafogo de Ribeirão Preto, Fluminense do Rio de Janeiro e Portuguesa de Desportos de São Paulo. Recusou todos os convites, por não conseguir morar longe de Anápolis. Como a maioria dos jogos disputados por Raul não foi de campeonato, inexistia à época a Liga Anapolina de Desportos ou qualquer outra entidade que administrasse o futebol, não se sabe ao certo quantos gols marcou. Seus colegas afirmam não se lembrarem de uma só partida em que não fizesse gol. Para os que o viram jogar, afirmam com convicção de que foi o maior artilheiro do futebol anapolino, em todos os tempos.

Em “Sou anapolino, com muito orgulho!”, Wolney conta não só a trajetória gloriosa do seu pai como atleta, mas a história do futebol anapolino iniciada no final de 1921 com o surgimento do Bahia Sport Club, a primeira equipe de futebol em Anápolis, até o advento do profissionalismo, em 1965. Num trabalho de pesquisa estafante, o autor revela fatos interessantes e marcantes do futebol no município, como:

Surgimento no final de 1921, do Bahia Sport Club, em homenagem ao farmacêutico Faustino Plácido do Nascimento, baiano residente em Anápolis, doador do terreno na Praça do Bom Jesus, para o primeiro campo de futebol na cidade. As camisas do Bahia eram vermelhas e calções brancos. O primeiro jogo do Bahia Sport foi no ano 1922, contra o representante de Pouso Alto – hoje Piracanjuba, vencendo por 2 x 1. Em 1922, surgiu o Cruzeiro do Sul, de camisas azuis e poucas informações a seu respeito. Em 24/12/1925, o Bahia fez o primeiro jogo fora da cidade. Enfrentou o União Sportiva Goyana, na cidade de Goiás.

Entre final dos anos 30 e início de 1931, surgiu o Annapolis Sport Club, resultado da fusão de Bahia e Cruzeiro do Sul. Seu presidente interino, aquele que participou da organização da nova equipe, foi o dr. Manoel Gonçalves Cruz. No dia 07/02/l931, o Annápolis Sport disputou sua primeira partida, em Anápolis, vencendo A.A.União Goiyana, da cidade de Goiás, por 2 x 1, debaixo de forte chuva. No mesmo ano de 31, no dia 11 de fevereiro, foi eleita a diretoria definitiva do Annápolis Sport Club, sob a presidência do médico Genserico Gonzaga Jayme. Em abril, já sob a presidência do dr. Genserico, o Annápolis foi a Goiás enfrentar a A. A. União Sportiva Goyana, numa viagem que durou 15 horas. O jogo terminou empatado em 2 x 2. Esse era o mais famoso clássico do futebol goiano.

Em 03 de setembro de 1933, o Annápolis Sport Club passou a jogar no Campo do Jundiahy, cujo terreno pertencia ao sítio conhecido como João D’ai, adquirido por R$ 400.000,00 (quatrocentos mil réis). O campo ficava perto das atuais ruas Dr. Faustino e Joaquim Propício de Pina, no Bairro Jundiaí. Era todo cercado de muro de taipa, para que houvesse a possibilidade de se cobrar ingresso.

Segundo o historiador e professor João Asmar, querendo um campo melhor estruturado que o do Largo do Senhor Bom Jesus,“ com o esforço de um punhado de homens, afeiçoados ao esporte, foi comprada uma gleba de chão, no sítio conhecido por João D’ai. Ao se lavrar a escritura, o sr. Narceu de Almeida, então titular do Cartório do 2º Ofício, também esportista, mencionou o lugar como sendo Jundiahí. O nome pegou firme...”

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