segunda-feira, 15 de março de 2010

Sarney e Collor inviabilizaram Henrique Santillo

Publicado na edição de 11/03/2010 do jornal Diário da Manhã

Como secretário de Governo de Henrique Santillo em 1990, acompanhei todos os detalhes da angústia sofrida por ele, pela perseguição política praticada contra seu governo, pelos presidentes José Sarney e Fernando Collor de Melo.

Conhecendo a realidade de todos municípios goianos, e por ser municipalista, o governador assumiu consigo mesmo, compromisso de ajudá-los. Percorrendo todas as regiões conheceu de perto o sofrimento da população interiorana, decidindo que poderia como governador, melhorar a vida daquela gente. Na consulta que efetuou junto aos prefeitos definiu-se que asfaltamento urbano das cidades era a grande reivindicação.

Os prefeitos afirmavam que o extraordinário programa de pavimentação de rodovias estaduais feito pelo governo Íris Rezende, despertou na população de todos os municípios o interesse pela pavimentação urbana. Não possuindo recursos suficientes para execução do benefício, recorreram ao governador.

O Estado também não dispunha de recursos suficientes para atende-los. Não queria ajudar alguns deixando outros ao abandono, elaborou projeto que beneficiasse todos, levando-o a apreciação do presidente José Sarney e do ministro do Desenvolvimento Urbano, Prisco Viana. Gostaram do que viram e se comprometeram fazer empréstimo especial a Goiás, pela Caixa Econômica Federal.

Henrique Santillo autorizou o diretor geral do Dergo, João Batista Alves, criar o Programa de Pavimentação Municipal – PPM. Em pouco tempo milhões de metros quadrados de asfalto cobriram as principais vias públicas de todas as cidades goianas. A pavimentação urbana feita pela administração Henrique Santillo às cidades goianas, se em rodovias, daria para asfaltar uma estrada de Goiânia a Uberlândia, em duas pistas.

Cidades ganharam visão urbanística nova. Moradores reformaram ou pintaram seus imóveis. Terrenos baldios logo receberam construções de ótima qualidade Os prefeitos construíram e ajardinaram praças, preservaram áreas ambientais e fizeram calçadas dos locais públicos. A limpeza foi implantada a partir da pavimentação em quase todas as cidades. Melhorou o padrão de saúde e vida da população.

Enquanto o serviço era realizado de forma ágil, fui com Henrique Santillo algumas vezes ao Palácio do Planalto, em busca da liberação dos recursos prometidos pelo presidente Sarney. De lá ele nos encaminhava para o ministro Prisco Viana, que por sua vez nos mandava para o Vioti, presidente da Caixa Econômica Federal. Essa ciranda do “jogo de empurra”, nós a realizamos no mínimo quatro vezes. Por fim, cansado e desiludido com tanto descaso e desrespeito, o governador Henrique Santillo encontrou uma solução doméstica para saldar a divida com as empresas que fizeram a pavimentação: emitiu Letras do Tesouro Estadual de longo prazo, tendo como avalista o Banco do Estado de Goiás-BEG, colocando-as no mercado, fazendo caixa para o Tesouro do Estado.

Collor, ao tomar posse, assinou decreto elaborado pela sua ministra do Planejamento, Zélia Cardoso, proibindo estados e municípios emitirem Letras do Tesouro, exigindo o resgate imediato das já emitidas. Ao governador Henrique Santillo não restava outra alternativa que não fosse resgatar as letras vendidas, pois caso contrário o BEG seria liquidado extra-judicialmente.

O governador foi ao Banco Central, acertou com o seu presidente Ebrahim Eris que o valor total das Letras do Tesouro por ele emitidas, seria pago nos 10 meses de administração que ainda lhe restavam, com retenção de parte do Fundo de Participação dos Estados, que o Tesouro Federal repassa mensalmente aos Estados. Sem contar com o FPE completo, Henrique Santillo evitou que o BEG fosse liquidado, pagou a divida do PPM e se inviabilizou administrativamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário