sexta-feira, 12 de março de 2010

O verdadeiro significado do Natal

Publicado na edição de 24/12/2009 do jornal Diário da Manhã

Natal é um momento mágico na vida do cristão. Cidades inteiras decoradas adredemente com enfeites e luzes multicoloridas. Músicas alegres, povo feliz, sorridente, se abraçando deixando para trás todo e qualquer ressentimento. Natal é o momento em que predomina o amor ao próximo. Alguns mais dispostos, como fazia Betinho, o irmão de Henfil, trabalhava o ano inteiro arrecadando gêneros alimentícios para que todos pudessem passar o Natal sem fome. Só um acontecimento extraordinário como esse seria capaz de criar corrente tão ampla de solidariedade. Mesmo com festa tendo mais conotação mercantilista que religiosa, o Natal é acontecimento inefável.

Se toda essa alegria sobrenatural que reverencia e realça a figura de Papai Noel, aparentemente garoto propaganda das atividaddes comerciais, fosse compartilhada com os ensinamentos de Cristo, a alegria seria completa. A solidariedade humana que aflora nos festejos natalinos seriam uma constante na vida das pessoas e não apenas um episódio passageiro. Não haveria pequena parcela com exagerada concentração de riquezas e multidões de miseráveis famintos espalhadas por toda face da terra. Nos ensinamentos que o Filho de Deus nos deixou não há espaço para corrupção, roubalheira, enriquecimento ilícito e todo tipo de injustiças sociais. Esse é o detalhe fundamental que tem sido esquecido na comemoração do Natal.

A posição radical de líderes religiosos defendendo fatos científicos equivocados, como o de que o sol girava em torno da terra , não a terra que gira em torno do sol, deu margens para que ateus se fortalecessem, com a tese de que Deus estaria morrendo. Pra imediatistas tem sido mais fácil promover Papai Noel que o aniversariante Jesus Cristo. Isso tudo pode ser fruto do confronto religião x ciência;

A escritora irlandesa Karen Armstrong, em seu livro The case for God (Uma defesa para Deus), que será lançado em 2010 no Brasil, afirma que o confronto entre as idéias de Deus e dos livros sagrados com a ciência acabou por cercear a mente humana, restringindo-a a deter apenas aquilo que pode ser cientificamente comprovado. Para Karen as três leis da mecânica clássica, do físico inglês Isaac Newton e a teoria da evolução da espécie do naturalista inglês Charles Darwin, tiraram da fé, um dos seus principais ingredientes: a capacidade humana de vislimbrar o inconcebível. “Esse conflito entre ciência e religião acabou nos afastando das formas mais puras da fé. As pessoas esqueceram que a razão e o mito sempre foram complementares no ser humano”, diz ela. E mais: “Somos por natureza, criaturas em busca de sentido. O Homo sapiens é, também, o Homo religiosus. A religião não existe para nos explicar a origem do Universo. Esse é o papel da ciência. As religiões nos ajudam lidar com os aspectos da vida para os quais não existem respostas fáceis: a morte, a dor, o sofrimento, as injustiças da vida e as crueldades da natureza.” Para a escritora cristã, Deus não pode ser tratado como um ente supremo, mas sim como o mistério que foi, é e será. As quedas de algumas das teorias religiosas como a origem da terra e a vida que nela habita, não negam a existência Deus. Devemos separar as coisas e entender a ciência como a presença Deus a serviço da humanidade.

Unindo os princípios cristãos com a festa secular que acontece no Natal, o 25 de dezembro deixará de ser apenas a marca de dia alegre e festivo para se transformar num compromisso de vida nova e formação de uma sociedade mais solidária.

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