quarta-feira, 24 de março de 2010

Anápolis, primeiro time do interior a ser campeão

Publicado na edição de 21/03/2010 do jornal Diário da Manhã

Neste ano, comemoramos 45 anos da conquista do primeiro campeonato goiano de futebol profissional por uma equipe interiorana. O protagonista dessa façanha memorável foi o Anápolis Futebol Clube. Desbancou, com categoria, equipes como Atlético, Goiânia, Vila Nova, Inhumas e Crac de Catalão. Contando com plantel de craques de Anápolis e outros oriundos do interior de Minas Gerais e São Paulo, o tricolor foi brilhante.

A cidade acabara de receber uma moderna praça de esportes para os padrões da época, o Estádio Jonas Duarte. Com diretoria dinâmica, formada por desportistas como Altino Teixeira de Moraes, Ronaldo Jayme, Amim Antônio, Osvaldo Cunha, Didi Castanheira, Amim Gebrin, Osvaldo Abrão, Rubens Porfírio, José do Rosário Figueiredo, José Miguel Hajar, Francisco Teixeira e muitos outros, o tricolor foi impecável.

Altino de Moraes, empresário no ramo de materiais de construção, nunca havia militado num time de futebol. Assumiu a presidência do Anápolis por insistência de Ronaldo Jayme e Osvaldo Cunha, se transformando em pouco tempo, no mais apaixonado de todos os tricolores. Ronaldo Jayme, como diretor de esportes, levou para a equipe, craques como Nelson Parrilla, Deca, Haly, Dida, Osmar e Sorriso vindos de Minas e interior de São Paulo. José Figueiredo era o gozador responsável para descontrolar adversários e árbitros. Certa vez, foi retirado do gramado por dois soldados que o carregaram até o banco de reservas, após invadir o campo se dirigindo ao árbitro da partida, em pleno jogo: “O senhor sabe com quem está falando?”

Na reta final do campeonato, circulou comentário de bastidor que estaria sendo montado complô na FGD, para prejudicar ou evitar o sucesso do Anápolis na temporada, através das arbitragens. Ronaldo Jayme conversou com seus companheiros de diretoria dizendo que, na primeira oportunidade, mostraria como iria enfrentar as arbitragens.

No domingo seguinte, no Estádio Jonas Duarte, o tricolor enfrentou o Goiânia. Numa jogada com atacante do alvinegro, o goleiro Moraes cometeu pênalti, sendo expulso de campo. Ronaldo Jayme entrou em campo, tirou do bolso um canivete, furou a bola e a ergueu para delírio dos torcedores anapolinos.

Apaziguando os ânimos, Altino Teixeira foi para o gramado e entregou ao juiz nova bola, se dirigiu à trave esquerda do gol, encostando sobre ela, comunicando ao árbitro que estava ali para garantir a cobrança do pênalti. O árbitro o agradeceu, mas pediu que se retirasse do campo. Dida, improvisado goleiro, defendeu o pênalti.

Altino era realmente simplório. Paô, que Altino nunca havia visto, foi contratado por determinação sua, pela fotografia. Quando viu aquele cidadão de pernas grossas e musculosas, ficou impressionado, determinando sua contratação.

Ronaldo Jayme, mesmo reconhecendo que o pênalti cometido por Hali realmente acontecera, pretendeu dar uma demonstração que ninguém tiraria vitória do Anápolis pela arbitragem. Furou a bola e furaria quantas fossem necessárias para garantir lisura na atuação dos árbitros.

O jogo final, no Estádio Jonas Duarte , foi contra o Vila Nova. O Anápolis virou o marcador, depois de estar perdendo por 2 x 1. Venceu por 3 x 2. Deca marcou 2 e Dida. O Anápolis marcou 5 gols para valerem 3. A equipe tricolor jogou com Moraes, Nina, Osmar, Paraguai e Haly; Dida. Eudécio e Genésio; Zezito, Nelson Parrilla e Deca.

O arbitro foi José Muniz Brandão, da Federação Goiana de Desportos.

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