sexta-feira, 15 de abril de 2011

Vale a pena lutar (Parte III)

[Discurso de agradecimento ao título de cidadania anapolina]

Desta forma, quero dizer ao meus amigos, que passei por outros cargos importantes, como na Secretaria de Educação do Estado. Assumi a Secretaria Estadual da Educação em 1983. Íris Rezende Machado baixou um decreto, chamado "Decretão", onde mais de doze mil funcionários da Secretaria da Educação foram exonerados sumariamente. Eles foram exonerados por que foram contratados no período pré-eleitoral. Naquela época não havia proibição da constituição que alguém pudesse ser contratado, mas o período eleitoral tinha que ser respeitado. Eu, então, comecei o meu trabalho para defender os professores. Mas não defender o professor por interesse de ordem pessoal ou política, por justiça. Falei ao Íris: "Esse professores trabalham há muito tempo nas escolas. Eles estão prestando serviço sem receber sequer pró-labore. Não tem nada que impeça que eles sejam contratados sem concurso. Agora, se eles foram contratados no período pré-eleitoral, eles não tem culpa disso. Por que muitos deles estão aí há mais de dois, três, quatro anos prestando serviço. O seu afastamaneto vai representar uma dupla punição: a punição que foi feita e a punição agora, através do seu decreto." O Íris compreendeu a situação. Nós, então, fizemos com que todos voltassem. Fizemos com que todos os professores atingidos pudessem voltar. Aqui mesmo na cidade de Anápolis, temos algumas das centenas daqueles professores que não perderam o emprego, já estão aposentados e tiveram seu direito garantido, através do trabalho que fizemos na Educação.

Fizemos o plano de cargos e salários, e o mais avançado estatuto do magistério até então existente no estado de Goiás. Realizamos o primeiro concurso público, que foi também uma tarefa enorme para a sua realização. Companheiros do MDB do interior diziam: "Adhemar, nós ficamos esse tempo todo vendo nossos adversários nomearem seus companheiros. Agora que você pode fazer a nomeação dos nosso amigos, você vai fazer concurso?" Adiamos o concurso até que a gente convencesse a todos. Fizemos um concurso para a admissão de mais de doze mil professores em todo o estado de Goiás e do Tocantins, que naquela época pertencia tambem a Goiás.

Fizemos, ainda dentro do nosso trabalho, mil salas de aula através do Multirão. Dobramos o número de salas de aula aqui dentro da cidade de Anápolis. Levamos o segundo grau a todos os bairros mais importantes. Aqui está o companheiro Zé Vieira, que sabe quando levamos lá para o Gomes de Souza Ramos o primeiro e segundo grau, lá na Vila Jaiara. Levamos para a Boa Vista, no colégio Carlos de Pina. Levamos também para o Plínio Jayme, no Recanto do Sol. Levamos para o Padre Fernando, na Vila Formosa. Levamos o segundo grau para o Adolfo Batista, na Vila Fabril. Levamos o segundo grau para todos os setores importantes de Anápolis naquela época.

Acho que a questão mais importante que realizamos foi levar de um para sete os cursos da FACEA, dando o embrião para a formação da futura UNIANA. Henrique, no (seu) governo, criou mais quatro cursos, totalizando os onze, indispensáveis para que fosse criada a universidade. Através de uma lei de autoria do Romualdo Santillo, ele criou a UNIANA, a Universidade Estadual de Anápolis. Fizemos também o trabalho de melhorar a educação no resto do estado. No Tocantins, que não tinha sequer curso de magistério. Fizemos a Universidade de Porangatu, a Universidade de Porto Nacional e a Universidade de Araguaína.


Cheguei à prefeitura de Anápolis. Na prefeitura de Anápolis, nós pudemos fazer um grande trabalho. Fizemos quatro mil metros quadrados de asfalto. Através de um trabalho com o governo estadual, fizemos o esgoto sanitário e levamos a água para bairros como a Jaiara, Alexandrina, Boa Vista, Santa Izabel, que não tinha água naquela época. Levamos água potável através do trabalho com a Saneago. Fizemos na prefeitura municipal um trabalho magnífico também, de outras conquistas para a população. Praças como a Badia Deyer, parque como o parque Onofre Quinan, Mercado do Produtor, feriões cobertos.

Mas aonde nós pontificamos mesmo, foi na área social. E aí eu contei com a ação decisiva da Onaide. Na área social, através da Sociedade Dom Bosco, através do trabalho da minha amiga Diná Murici, Secretéria Municipal de Serviços Sociais, da Angela Faria, que também nos ajudava na Sociedade Dom Bosco, fizemos um trabalho magnífico. Levamos mais de 1.200 meninos para o mercado de trabalho na nossa última administração, no comércio, na indústria e na prestação de serviços. Retiramos os meninos da rua. Não tínhamos meninos pedindo pelas ruas de Anápolis. Mas nunca usamos a violência. Nunca usamos a polícia. Apenas usamos a solidariedade, o amor e a mão estendida. Levamos esse meninos para todos nossos programas, e lá os agasalhamos através de vários programas da Sociedade Dom Bosco. Dávamos 4,000 refeições por dia, na minha última administração, a criancas que estudavam nas escolas do município e também criancas dos bairros de nossa cidade, através do programa AME.

Fizemos o Cursinho Universitário. Quanta gente estudou no Cursinho Universitário gratuitamente e passou nos exames ao vestibular, principalmente aqui na UEG! Estão estudando e alguns já concluiram seu curso. Fizemos o trabalho com a Mulher, o Centro Integrado da Mulher. Fizemos o trabalho com os idosos, através dos clubes de idosos. Então, o trabalho social foi a função mais importante que nos pudemos realizar. Por isso, vale a pena lutar! Vale a pena acreditar! Vale a pena acreditar na vontade popular!

Para todo esse trabalho, eu quero dizer, sempre tive o respaldo da imprensa, do povo de Goiás e, especialmente, do povo de Anápolis, a quem eu quero render a minha mais imorredora gratidão. Na derrota ou na vitória, na vitória ou na derrota, só tenho a agradecer ao povo de Anápolis pela sua independência e pela sua firmeza de comportamento. Não tenho nenhuma mágoa e nenhum ressentimento. Só tenho a agradecer a Deus, em primeiríssimo lugar, ao povo da minha cidade e do meu estado, de forma complementar. Chegamos em lugares jamais imaginados. Chegamos a setores que jamais pensávamos que um dia chegaríamos. Chegamos, acreditando na força do povo e acreditando no valor da luta.

Eu quero nesse instante encerrar minha participação, amigos, agradecendo essa horaria que recebo. Algumas pessoas me perguntam: "Adhemar, eu não sabia que você não era de Anápolis! Trabalhar tanto quanto trabalhou para Anápolis... Você não é de Anápolis e tem toda essa vontade de trabalhar pela cidade!" A nossa vontade de trabalhar nunca parou. Nós sempre procuramos fazer o melhor. Nós sempre estivemos aí, dando o melhor de nossos esforços. É responsabilidade nossa. Para mim, então, é um dever. Quando assumo uma responsabilidade, tenho que cumprir com toda altivez e com toda determinação. Eu era um cidadão anapolino, nunca mudei daqui, sempre lutei por Anápolis. Sempre procurei dignificar Anápolis. Na época da Ditadura, era um prazer viajar para fora e alguém falar: "Anápolis! Cidade de um povo realmente extraordinário! Se dependesse o Brasil de Anápolis, a Ditadura não prosperaria um dia, por que aí ela nunca ganhou." E não ganhou mesmo.

Quero dizer que me sinto envaidecido. Esse título, que me foi dado por solicitação do vereador André Almeida, e apoiado por senhores veradores que aqui se encontram e compõe essa casa, para mim é de um valor inestimável. Eu estou na chapada. Não tenho cargo ou benesse para oferecer. Recebi um título que me foi dado de coração e espontâneamente pelos vereadores. E, principalmente, num momento difícil, como o que nos estávamos atravessando, e, mais do que isso, num instante em que é dificil homenagear um político.

Quero agradecer em meu nome, em nome da Onaide, dos meu três filhos, André, Luis Augusto e Claudio, pela homenagem que vocês me prestam no dia de hoje. Eu sempre recebi o apoio e a homenagem do povo anapolino nestes quase quarenta anos de vida pública em nosso estado. Agora também recebo, dos políticos dos mais diferentes partidos, a homenagem para ser cidadão dessa cidade, o que é um honra extraordinária para mim. Talvez um dos maiores títulos, uma das maiores homenagens, que tenha recebido através de um poder constituído.

Muito obrigado, senhores vereadores! Vamos trabalhar por Anápolis! Obrigado!


Adhemar Santillo
Discurso de agradecimento ao título de cidadania anapolina
28 de abril de 2004
Plenário Teotônio Vilela
Câmara Municipal de Anápolis

Nenhum comentário:

Postar um comentário