Os fatos históricos, e heróicos, da resistência democrática praticada pelos anapolinos sob a liderança de Henrique Santillo, à ditadura militar de março de 1964, são reais. Eles mostram o destemor da nossa gente, seu amor à democracia e liberdade.
A vitória de José Batista Júnior (MDB) sobre Eurípedes Junqueira (Arena) foi a gota d’água para que medidas mais radicais fossem utilizadas pelos ditadores contra o mais importante reduto de resistência à ditadura em todo o estado de Goiás. Por via democrática, pelo voto popular, estava claro que a Arena não venceria o MDB autêntico. A esperança que tinham, havia sido frustrada: derrota de Eurípedes Junqueira para José Batista Júnior.
A primeira grande vítima da ação raivosa dos arenistas de Goiás foi a Rádio Carajá. A mais antiga e potente emissora radiofônica de Anápolis, sempre funcionou no andar superior do prédio pertencente ao Banco do Estado de Goiás - BEG, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Engenheiro Portela, na Praça Bom Jesus. Hoje Banco Itaú. Assim que a emissora foi adquirida do ex-deputado Plínio Jayme, por um grupo de emedebistas ligado ao santilismo, a emissora foi despejada daquele local, pela diretoria do BEG, por determinação do Governo Estadual. Os estúdios da emissora foram transferidos para um galpão, na Avenida Goiás, esquina com a Rua Coronel Batista.
Por ser uma emissora independente, noticiando fatos importantes para o esclarecimento da população, sua audiência era extraordinária. O programa “O Povo Falou, Tá Falado” que, diariamente, apresentávamos com Romualdo Santillo, pela Carajá, era ouvido praticamente por todos os anapolinos. Essa força na comunicação intranquilizava os representantes da Arena. Mesmo com a ação truculenta do Governo do Estado, obrigando a transferência dos estúdios da emissora para lugar improvisado, sua audiência continuou fantástica.
Na madrugada do dia em que José Batista Júnior assumiria a Prefeitura, substituindo a Henrique Santillo, elementos do Departamento Nacional de Telecomunicações - Dentel, acompanhados de integrantes da Policia Militar do Estado, invadiram os transmissores da Rádio Carajá, no Bairro Jundiaí, e seus estúdios, impedindo a entrada dos nossos funcionários à emissora. Assumiram o seu comando por determinação do Ministério das Comunicações e a devolveram a Plínio Jayme. Alegaram que a transferência se dera sem conhecimento do Ministério. Com isso, foi a negociação considerada ilegal. Ficamos nós, do MDB autêntico, sem nosso principal instrumento de comunicação com o povo.
Adquirimos em seguida o controle da Rádio Santana Ltda. de Anápolis, uma pequena emissora de 250 watts de potência, que pertencia às freiras da Igreja Católica. Seu procurador era Radivair Miranda, político e proprietário de emissora de rádio em Itumbiara. Em abril, dois meses após a tomada da Carajá por força policial, iniciamos os trabalhos na Rádio Santana. Em pouco tempo o programa “O Povo Falou Tá Falado” era, novamente, líder absoluto de audiência. A perseguição à emissora e consequentemente ao santilismo continuou. Integrantes da Polícia Federal montaram guarda nas dependências da emissora. Exigiam a gravação diária da sua programação. Perseguição aos que nela se atrevessem a anunciar e era feita escancaradamente por órgãos da Secretaria Estadual da Fazenda. Mesmo assim, nós da família Santillo a sustentávamos nos seus déficits mensais. Se mantinha em funcionamento... (continua).
Nenhum comentário:
Postar um comentário