Estamos resgatando a página mais bonita da história política dos anapolinos contra a ditadura militar de 1964. Na crônica passada, relatamos parte da disputa pela Prefeitura de Anápolis, em 1972, última eleição direta para prefeito, antes de o Município ser transformado em Área de Interesse da Segurança Nacional.
Os arenistas acreditavam que Eurípedes Junqueira, pelo seu valor pessoal, contando com forças governistas federais e a máquina administrativa estadual, seria eleito prefeito. Um debate pela televisão, diziam, aumentaria o cacife de Eurípedes. Compraram horário nobre, num domingo, na TV Anhanguera. Chegamos aos seus estúdios às 18 horas. Encontramos o quadro montado. Índio do Brasil Artiaga, que viria a ser prefeito nomeado de Goiânia, vereador Lincoln Xavier Nunes (MDB) que apoiava Eurípedes, e quatro jornalistas goianienses que serviam ao Governo Estadual, organizavam as regras do debate. Os jornalistas se apresentaram como os entrevistadores. Não aceitei as regras. Propus-me a fazer perguntas para Eurípedes Junqueira e que, um deles, fizesse perguntas a José Batista. Não concordaram. O impasse foi criado. Depois de muita discussão chegamos à conclusão de que só Eurípedes e José Batista entrariam no estúdio. Fariam perguntas, um ao outro.
Foi um debate sereno, sem agressões ou perguntas constrangedoras. Só ficamos sabendo da repercussão do debate quando chegamos a Anápolis. Fomos recebidos com muita festa e foguetes. Os adversários, por sua vez, também haviam gostado da apresentação de Junqueira. Mas, o debate serviu para mostrar aos que não conheciam bem a José Batista Júnior, que ele era competente e preparado para dirigir o Município de Anápolis.
Na semana seguinte, o desespero dominou as hostes arenistas. Partiram para o tudo ou nada. Em reportagem encomendada, duas páginas no Jornal Cinco de Março, de Goiânia, o jornalista Edson Nunes, foi violento contra José Batista Júnior, sem apresentar nenhum documento. Acusou-o de tudo. Desde que teria colocado fogo em uma loja comercial de sua propriedade para receber seguro a estelionato. Difamado e caluniado, não perdeu a tranquilidade. Mesmo sendo inverdades grosseiras, enorme baixaria, deram-nos muita dor de cabeça e perda de tempo. Desmentimos todas, mas não tiveram o destaque merecido pela imprensa denunciante.
O refrão usado pelo locutor dos comícios da Arena era: “Zé Tochinha, Zé Tochinha, Zé Tochinha...” alusão a José Batista Júnior de que teria colocado fogo em uma loja comercial em Goiânia.
Os comícios de encerramento da campanha aconteceram no último dia. O de José Batista Júnior foi na Praça Bom Jesus. O de Eurípedes Junqueira, na Praça das Mães. Os oradores de Batista Júnior foram os mesmos de todos os dias, tendo como o grande destaque Henrique Santillo. Inúmeros foram os oradores convidados ao comício de Junqueira. As atrações artísticas no comício do MDB foram as duplas sertanejas Zé Venâncio e Saulino e Cascatinha e Inhana. No da Arena houve globo da morte, outras atrações circenses e o maior conjunto musical do Brasil à época: Os Incríveis. O público se revezava indo de um lado para o outro.
No dia da eleição só se viam automóveis trabalhando para Eurípedes. Na contagem dos votos, Eurípedes Junqueira saiu à frente nas primeiras urnas. Encerradas as seções do setor central, entrando as urnas dos bairros e da zona rural, José Batista Júnior tirou a diferença e ampliou a vantagem de seção em seção. José Batista Júnior foi eleito de forma emocionante e espetacular. Recentemente comentando sobre essa eleição, Eurípedes Junqueira atribuiu sua derrota à força do santilismo em Anápolis... (continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário