Nas eleições gerais de 1986, Romualdo Santillo disputou a reeleição à Assembleia Legislativa. Para não criar embaraços ao irmão Henrique Santillo, candidato do PMDB ao governo do Estado, restringiu bastante sua base de apoio. Dentre os prefeitos que o apoiaram estavam Rubens Sales (Novo Brasil) e Antônio Cunha (Nova Glória).
Em Nova Glória, para entregar à população os benefícios recebidos, Antônio Cunha programou uma série de inaugurações. Romualdo havia conseguido, junto ao governador Onofre Quinan, recursos para asfaltamento urbano da cidade. Henrique Santillo não pôde comparecer. Iram Saraiva, candidato ao Senado, estava na região Sudoeste do Estado. Irapuan Costa Júnior, candidato à outra vaga ao Senado, representou seus companheiros Henrique e Iram. Romualdo foi à frente participando de toda festa. Muita gente, foguetórios e banda de música. Em cada parada o prefeito fazia questão de agradecer a colaboração “desse baluarte da política em Goiás, Romualdo Santillo.”
A amizade entre eles era antiga. No início dos anos 60, os dois e Altair Garcia Pereira, o Braguinha, promoviam shows com cantores populares em Anápolis. Braguinha e Romualdo abandonaram a carreira de empresários de artistas quando levaram prejuízo com a “Noite dos Astros e Estrelas”, em que contrataram Miltinho, Carlos Gonzaga, Celi Campello e um punhado de cantores famosos. Ficaram decepcionados com o fracasso do evento. Cunha seguiu em frente, pelo menos para mais um espetáculo.
Passava por Goiânia Pépe Ávilla e seus Mariachis. Grande atração internacional que percorria o Brasil. Contratou o conjunto. Noite enluarada e céu estrelado prometiam show com grande assistência.
Romualdo pouco antes do final foi ao local. Cunha estava na portaria:
- E aí Cunha, veio muita gente assistir o show?
- Já entraram na bilheteria, até agora, 4 mil e 500 cruzeiros.
- Então essa é a arrecadação! Daqui para a frente não rende mais nada...
- É verdade !
- Quanto você está pagando para o Pépe Ávilla?
- Todo o gasto ficou em 10 mil cruzeiros!
- Deeez mil cruzeiros? Você está perdendo esse dinheirão, Cunha ?
- É, mas o povo tá gostando. Veja quanta alegria!!!
Esse era o Cunha, agora prefeito de Nova Glória. Nunca foi apegado a dinheiro. Seu prazer sempre foi alegrar o povo.
No final da tarde, já com Irapuan Costa Júnior presente, foi iniciada a concentração política na principal praça da cidade. Cunha determinou ao mestre de cerimônia que desse a palavra a quem quisesse falar. Lista de oradores, infindável. Todos queriam externar seu apoio aos candidatos. Para que não houvesse privilégio, o prefeito orientou que os oradores fossem chamados por ordem alfabética. Simão, líder do prefeito na Câmara Municipal, conhecido pela sua inflamada oratória, ficaria para o final. Enquanto não chegava sua vez, fazia percurso palanque – bar da esquina e vice versa. Quando foi chamado estava no trajeto bar-palanque. Subiu às pressas auxiliado por um assessor do prefeito. Microfone às mãos, aplaudido pela multidão, saudou um por um os visitantes. Não se esqueceu de fazer referência a Romualdo Santillo, o “grande benfeitor de Nova Glória.” Por último, se dirigiu a Irapuan:
- Irapuan, você é a dignidade em pessoa! (palmas e muito bem). Mais que ninguém deve receber o voto do povo goiano para o Senado (mais aplausos e muito bem!)
- Senadoooor é figura importante! Geeente, senador é uma cabaça! Senador é uma cabaça... cabaça, cabaça!
O povão que lotava a praça foi à loucura. Extasiado, batia palmas e gritava, "Muito bem! É isso aí Simão..."
- É isso messssmo meu povo. Senador é uma cabaça. Insistia o vereador.
Quanto mais as pessoas riam, mais Simão repetia, senador é uma cabaça. Romualdo gritando “muito bem, Simão. Muito bem...” Tirou o microfone da sua mão enquanto a multidão continuava eufórica. Já fora do palanque, escorado em Romualdo, o vereador continuou:
- Não é deputado? Senador não é uma cabaça?
domingo, 27 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Porto Seco de Anápolis, aposta que deu certo
Um grupo de empresários goianos tomou decisão arrojada quando participou da concorrência pública para a exploração da Estação Aduaneira do Interior –EADI de Anápolis. No início era apenas uma ideia. Praticamente um tiro no escuro. Os portos secos existentes pelo interior do Brasil funcionavam precariamente. Alguns meses antes da licitação do Porto Seco de Anápolis, a licitação da Estação Aduaneira de Brasília foi lançada e ninguém se interessou em participar. Os custos com construção de prédios, graneleiros e malha ferroviária seriam altíssimos. Tivesse sido instalado, o de Goiás estaria inviabilizado.
Como prefeito, acompanhei todos os passos para a instalação da Estação Aduaneira de Anápolis. Estivemos algumas vezes no gabinete do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, em Brasília. Queríamos a concorrência pública. O governador Maguito Vilela defendeu nossa solicitação para que o Porto Seco fosse instalado em Anápolis.
Voltamos à Receita Federal solicitando alteração na portaria que, inicialmente, não permitia importar ou exportar produtos a granel. Realizada a concorrência pública e ampliadas as atribuições da futura aduaneira, só um grupo se interessou, participou e venceu a licitação.
A portaria estabelecia que a Eadi ficaria no Daia ou suas proximidades. Teria que contar com área administrativa, graneleiros, amplo pátio de estacionamento e rede férrea ligando à rede ferroviária federal. Investimento orçado em alguns milhões de reais.
Pelo empresário Gilson do Amaral Brito, fomos informados que o Ministério dos Transportes leiloaria o patrimônio da RFF instalado no Daia. Imóvel contando com a linha férrea, graneleiros, prédio administrativo, pátio para estacionamento. Dispunha de toda infraestrutura exigida pela Receita Federal. Com pouco investimento, estaria apto a abrigar a aduaneira. Era necessária uma ação política junto ao presidente da Rede Ferroviária, no Rio de Janeiro. A participação do ministro da Justiça, Iris Rezende Machado, foi decisiva. Defendeu o interesse de Anápolis junto ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
Fomos ao Rio de Janeiro conversar com o presidente da RFF, Eliseu Rezende. Me acompanharam Air Ganzarolli, vice-prefeito, e o procurador municipal Roldão Cassemiro. Ficou decidido que a rede não leiloaria seu imóvel em Anápolis. O temor era de que, com o leilão, algum grupo de fora arrematasse o imóvel. Isso inviabilizaria a instalação da aduaneira. Ao mesmo tempo acertamos que o imóvel seria alugado à prefeitura e repassado ao grupo vencedor da concorrência, que arcaria com as despesas. Ficou assim viabilizada sua instalação. No final do governo Maguito Vilela, a Rede Ferroviária Federal permutou com o Estado seu patrimônio em Anápolis pela dívida de ICMS que tinha com o Tesouro estadual. O Porto Seco está instalado num imóvel público do Estado.
Edson Tavares, superintendente da Estação Aduaneira, afirma que o Porto Seco de Anápolis é hoje o 3º maior do Brasil dentre os 62 existentes. 90% das atividades da Eadi anapolina são com importações e 10% em exportações. Importações de máquinas e equipamentos, automóveis, peças para veículos e insumos químicos farmacêuticos para os laboratórios de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Goiânia representam 96% das suas atividades. A receita do Porto seco tem aumentado ano após ano. Em 2006 foram US$ 243 milhões; 2007, US$ 526 milhões; 2008, US$ 1 bilhão; 2009, US$ 1,11 bilhão e 2010, US$ 2,05 bilhões.
Tem servido como grande atrativo para a vinda de investidores a Goiás. A Caoa/Hyundai, além das facilidades fiscais que lhe foram oferecidas pelo Estado, levou em conta a presença da aduaneira anapolina. O vice-presidente de administração e country manager Brasil da Yamana, Arão Portugal, da Mineração Maracá Indústria e Comércio, instalada no município goiano de Alto Horizonte, confirma isso ao afirmar: “Desenhamos um sistema logístico voltado para o modal ferroviário e o Porto Seco de Anápolis foi determinante em nossa estratégia, tendo em vista sua excelência operacional.”
Sinto-me orgulhoso de ter participado dessa grande obra que está revolucionando o crescimento econômico de Goiás.
Como prefeito, acompanhei todos os passos para a instalação da Estação Aduaneira de Anápolis. Estivemos algumas vezes no gabinete do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, em Brasília. Queríamos a concorrência pública. O governador Maguito Vilela defendeu nossa solicitação para que o Porto Seco fosse instalado em Anápolis.
Voltamos à Receita Federal solicitando alteração na portaria que, inicialmente, não permitia importar ou exportar produtos a granel. Realizada a concorrência pública e ampliadas as atribuições da futura aduaneira, só um grupo se interessou, participou e venceu a licitação.
A portaria estabelecia que a Eadi ficaria no Daia ou suas proximidades. Teria que contar com área administrativa, graneleiros, amplo pátio de estacionamento e rede férrea ligando à rede ferroviária federal. Investimento orçado em alguns milhões de reais.
Pelo empresário Gilson do Amaral Brito, fomos informados que o Ministério dos Transportes leiloaria o patrimônio da RFF instalado no Daia. Imóvel contando com a linha férrea, graneleiros, prédio administrativo, pátio para estacionamento. Dispunha de toda infraestrutura exigida pela Receita Federal. Com pouco investimento, estaria apto a abrigar a aduaneira. Era necessária uma ação política junto ao presidente da Rede Ferroviária, no Rio de Janeiro. A participação do ministro da Justiça, Iris Rezende Machado, foi decisiva. Defendeu o interesse de Anápolis junto ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
Fomos ao Rio de Janeiro conversar com o presidente da RFF, Eliseu Rezende. Me acompanharam Air Ganzarolli, vice-prefeito, e o procurador municipal Roldão Cassemiro. Ficou decidido que a rede não leiloaria seu imóvel em Anápolis. O temor era de que, com o leilão, algum grupo de fora arrematasse o imóvel. Isso inviabilizaria a instalação da aduaneira. Ao mesmo tempo acertamos que o imóvel seria alugado à prefeitura e repassado ao grupo vencedor da concorrência, que arcaria com as despesas. Ficou assim viabilizada sua instalação. No final do governo Maguito Vilela, a Rede Ferroviária Federal permutou com o Estado seu patrimônio em Anápolis pela dívida de ICMS que tinha com o Tesouro estadual. O Porto Seco está instalado num imóvel público do Estado.
Edson Tavares, superintendente da Estação Aduaneira, afirma que o Porto Seco de Anápolis é hoje o 3º maior do Brasil dentre os 62 existentes. 90% das atividades da Eadi anapolina são com importações e 10% em exportações. Importações de máquinas e equipamentos, automóveis, peças para veículos e insumos químicos farmacêuticos para os laboratórios de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Goiânia representam 96% das suas atividades. A receita do Porto seco tem aumentado ano após ano. Em 2006 foram US$ 243 milhões; 2007, US$ 526 milhões; 2008, US$ 1 bilhão; 2009, US$ 1,11 bilhão e 2010, US$ 2,05 bilhões.
Tem servido como grande atrativo para a vinda de investidores a Goiás. A Caoa/Hyundai, além das facilidades fiscais que lhe foram oferecidas pelo Estado, levou em conta a presença da aduaneira anapolina. O vice-presidente de administração e country manager Brasil da Yamana, Arão Portugal, da Mineração Maracá Indústria e Comércio, instalada no município goiano de Alto Horizonte, confirma isso ao afirmar: “Desenhamos um sistema logístico voltado para o modal ferroviário e o Porto Seco de Anápolis foi determinante em nossa estratégia, tendo em vista sua excelência operacional.”
Sinto-me orgulhoso de ter participado dessa grande obra que está revolucionando o crescimento econômico de Goiás.
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Raul Balduíno e o MDB (Final)
Vencida a eleição de 1965, Raul Balduíno deu início à sua administração. Combatido tenazmente pelos adversários, o prefeito não se deixou abater. Contando com significativa maioria na Câmara Municipal, quando o MDB elegeu dez dos quinze vereadores em 1966, teve tranquilidade para administrar. Henrique Santillo ao lado de Laudo Puglisi, João Furtado de Mendonça, João Luiz de Oliveira, Adão Mendes Ribeiro, Amador Abdalla, Raimundo de Oliveira Lima, Homero Batista, Oscar Miotto e Walmir Bastos transformaram o clima no Legislativo no mais favorável possível ao prefeito.
Durante quase todos os quatro anos de mandato os vereadores trabalharam sem remuneração. Quando os antigos partidos foram extintos, dando lugar a Arena e MDB, a legislação eleitoral foi alterada, só permitindo remuneração para os vereadores em cujos municípios houvessem no mínimo 100 mil habitantes. A população anapolina, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, não havia chegado aos 100 mil. Mesmo assim, foi a mais produtiva de todas as legislaturas na avaliação de jornalistas e analistas políticos.
Com pequenos recursos e inúmeros problemas a resolver, Raul deu grande impulso ao desenvolvimento municipal. Foi na sua administração que se realizou a primeira Feira da Amostra da Indústria Anapolina – Faiana. O evento aconteceu no parque de exposição agropecuária. A indústria em Anápolis era pequena, se concentrando mais nas máquinas de beneficiar arroz e cerâmicas. Fora disso, algumas outras de pequena dimensão. Com a Faiana, a economia municipal se despertou para a excelente posição geográfica da cidade, própria mesmo para se transformar em grande pólo industrial. Coração do Brasil, entroncamento das regiões Sul e Norte.
Ao suceder Raul Balduíno, o prefeito Henrique Santillo não só deu continuidade às feiras industriais, como considerou de utilidade pública, para efeito de desapropriação, a área de terra onde hoje se encontra instalado o Daia. Leonino Caiado, governador do Estado, desapropriou a área e instalou a primeira industria no local, pela Lei de incentivos fiscais nº 7.700: a fábrica de azulejos Cecrisa, atual Cemina. No governo Irapuan Costa Júnior foi edificado o Daia, o mais completo Distrito Industrial do Estado. O distrito industrial se consolidou com a Lei Fomentar, na administração Iris Rezende e Produzir, no governo Marconi Perillo.
Raul Balduíno construiu os primeiros conjuntos habitacionais de Anápolis, com financiamento do Banco Nacional de Habitação – BNH. O Conjunto Raul Balduíno, ao lado do Estádio Jonas Duarte e Vila Formosa. Na sua administração o Estádio dos Amadores, o Zéca Puglisi, foi construído. Vereador Laudo Puglisi (MDB), autor da lei propondo sua construção. A meu pedido, à época presidente da Liga Anapolina de Desportos, construída a sede própria da LAD, nas dependências do novo estádio. O primeiro Pronto Socorro da cidade, obra de Raul Balduíno, transformado mais tarde por Jamel Cecílio, em Hospital Municipal. Dotou zona rural municipal de infraestrutura, com abertura e conservação de estradas, construção de pontes e mata-burros. Auxiliou os pequenos proprietários rurais com açudes, cascalhamento de currais e estradas vicinais. Além da escola Elzira Balduíno, no Bairro Maracanã, fortaleceu com mais escolas os bairros e zona rural. Fez administração admirável e de grande alcance social.
Ao final da sua administração, tinha preferência pela candidatura do delegado de polícia Thales Reis à prefeitura. Thales, genro do coronel Achiles de Pina, grande líder da política municipal. Raul se dobrou à vontade da maioria da população que queria Henrique Santillo. Apoiou Santillo, tendo Thales Reis como seu vice-prefeito. Poderia ter ingressado na Arena, como normalmente faziam os políticos, principalmente ocupantes de cargo Executivo. Preferiu filiar-se ao MDB, mesmo depois da cassação de Iris Rezende Machado, prefeito de Goiânia, em 1969. Era o mais cotado para ser o vice de Iris Rezende Machado ao governo de Goiás nas eleições de 1970. Com a cassação de Iris e a eleição para o governo, transformada em eleição indireta pela Assembleia Legislativa, foi candidato ao Senado, ao lado de Gerson de Castro Costa e Pedro Ludovico Júnior. A Arena elegeu os três senadores, Osires Teixeira, Benedito Ferreira e Emival Caiado. Nas vagas deixadas por Juscelino Kubitschek, Pedro Ludovico e José Feliciano Ferreira. Três vagas porque Ludovico e Juscelino haviam sido cassados enquanto José Feliciano terminava seu mandato. Raul Balduino de Souza foi muito importante na luta dos brasileiros pela queda da ditadura.
Durante quase todos os quatro anos de mandato os vereadores trabalharam sem remuneração. Quando os antigos partidos foram extintos, dando lugar a Arena e MDB, a legislação eleitoral foi alterada, só permitindo remuneração para os vereadores em cujos municípios houvessem no mínimo 100 mil habitantes. A população anapolina, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, não havia chegado aos 100 mil. Mesmo assim, foi a mais produtiva de todas as legislaturas na avaliação de jornalistas e analistas políticos.
Com pequenos recursos e inúmeros problemas a resolver, Raul deu grande impulso ao desenvolvimento municipal. Foi na sua administração que se realizou a primeira Feira da Amostra da Indústria Anapolina – Faiana. O evento aconteceu no parque de exposição agropecuária. A indústria em Anápolis era pequena, se concentrando mais nas máquinas de beneficiar arroz e cerâmicas. Fora disso, algumas outras de pequena dimensão. Com a Faiana, a economia municipal se despertou para a excelente posição geográfica da cidade, própria mesmo para se transformar em grande pólo industrial. Coração do Brasil, entroncamento das regiões Sul e Norte.
Ao suceder Raul Balduíno, o prefeito Henrique Santillo não só deu continuidade às feiras industriais, como considerou de utilidade pública, para efeito de desapropriação, a área de terra onde hoje se encontra instalado o Daia. Leonino Caiado, governador do Estado, desapropriou a área e instalou a primeira industria no local, pela Lei de incentivos fiscais nº 7.700: a fábrica de azulejos Cecrisa, atual Cemina. No governo Irapuan Costa Júnior foi edificado o Daia, o mais completo Distrito Industrial do Estado. O distrito industrial se consolidou com a Lei Fomentar, na administração Iris Rezende e Produzir, no governo Marconi Perillo.
Raul Balduíno construiu os primeiros conjuntos habitacionais de Anápolis, com financiamento do Banco Nacional de Habitação – BNH. O Conjunto Raul Balduíno, ao lado do Estádio Jonas Duarte e Vila Formosa. Na sua administração o Estádio dos Amadores, o Zéca Puglisi, foi construído. Vereador Laudo Puglisi (MDB), autor da lei propondo sua construção. A meu pedido, à época presidente da Liga Anapolina de Desportos, construída a sede própria da LAD, nas dependências do novo estádio. O primeiro Pronto Socorro da cidade, obra de Raul Balduíno, transformado mais tarde por Jamel Cecílio, em Hospital Municipal. Dotou zona rural municipal de infraestrutura, com abertura e conservação de estradas, construção de pontes e mata-burros. Auxiliou os pequenos proprietários rurais com açudes, cascalhamento de currais e estradas vicinais. Além da escola Elzira Balduíno, no Bairro Maracanã, fortaleceu com mais escolas os bairros e zona rural. Fez administração admirável e de grande alcance social.
Ao final da sua administração, tinha preferência pela candidatura do delegado de polícia Thales Reis à prefeitura. Thales, genro do coronel Achiles de Pina, grande líder da política municipal. Raul se dobrou à vontade da maioria da população que queria Henrique Santillo. Apoiou Santillo, tendo Thales Reis como seu vice-prefeito. Poderia ter ingressado na Arena, como normalmente faziam os políticos, principalmente ocupantes de cargo Executivo. Preferiu filiar-se ao MDB, mesmo depois da cassação de Iris Rezende Machado, prefeito de Goiânia, em 1969. Era o mais cotado para ser o vice de Iris Rezende Machado ao governo de Goiás nas eleições de 1970. Com a cassação de Iris e a eleição para o governo, transformada em eleição indireta pela Assembleia Legislativa, foi candidato ao Senado, ao lado de Gerson de Castro Costa e Pedro Ludovico Júnior. A Arena elegeu os três senadores, Osires Teixeira, Benedito Ferreira e Emival Caiado. Nas vagas deixadas por Juscelino Kubitschek, Pedro Ludovico e José Feliciano Ferreira. Três vagas porque Ludovico e Juscelino haviam sido cassados enquanto José Feliciano terminava seu mandato. Raul Balduino de Souza foi muito importante na luta dos brasileiros pela queda da ditadura.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Professor Akynaton
Quando alguma coisa está em disputa entre pessoas ou grupos, teoricamente todos os concorrentes querem vencer. Em quase todas as atividades que nos envolvemos estamos competindo. Viver é competir. Lutamos para que a vida supere a morte. Queremos ser vencedores. No meio radiofônico a disputa por audiência também é intensa e emocionante. Não há nada melhor para o radialista do que saber que seu programa é muito ouvido e comentado. O diretor artístico da emissora é importante nessa batalha pela conquista do ouvinte.
Romualdo Santillo, trabalhando como auxiliar de direção artística da Rádio Carajá de Anápolis, na década de 1960, sua principal preocupação era criar programação diversificada para a emissora. Aqueles programas tradicionais, como “Caleidoscópio Musical”, e ouvinte solicitando música pelo telefone estavam superados. As novas emissoras de rádio que operavam na cidade entraram no mercado com atrações modernas, cativantes. A Carajá, a mais antiga emissora de Anápolis, tinha como principal concorrente a Rádio Imprensa, ligada ao grupo Henrique Fanstone. Mesmo porque, a Santana pertencia ao mesmo grupo da Carajá. A Cultura, comandada por Benedito Junqueira, pertencia ao grupo Caiado, mais interessado em fazer a política do grupo. A Carajá era mais ouvida em quase todos os horários. A Imprensa, imbatível no programa das 14h. O astrólogo Omar Cardoso, com seus conselhos a pessoas desesperançadas de todo o Brasil, era líder absoluto em audiência. Omar foi considerado a maior expressão da astrologia nas emissoras de rádio brasileiras. Por mais que tentassem, as atrações da Carajá, para o horário, não cresciam.
Amigo do saudoso odontólogo e professor de química Felipe Jorge Mattar, o Felipão, Romualdo o convidou para apresentar programa nos moldes do de Omar Cardoso. Felipão foi a Goiânia conhecer regras básicas de numerologia e astrologia. Ficou mais de um mês indo e voltando todos dias. Aprendeu as noções básicas para enfrentar o desafio que Romualdo lhe reservara. Atenderia ouvintes da região. Preferencialmente de Anápolis. Raramente Omar Cardoso atendia alguém de Goiás. Seus consulentes eram mais de São Paulo, Minas Gerais , Rio de Janeiro, Paraná e Nordeste.
Para causar mais impacto e interesse ao público ouvinte, o astrólogo não foi apresentado como Felipão. Seu nome artístico: professor Akynaton. Dava a impressão de ser asiático, da Índia. Povo reconhecido internacionalmente como místico. Gente conhecedora de astrologia e numerologia.
No horário das 14h, Akynaton surgia na emissora, toalha branca enrrolada à cabeça, em forma de turbante, e estúdio fechado para visitantes, naquele horário.
Poucas foram as cartas da primeira semana. Contudo, em poucos dias as urnas estavam abarrotadas de correspondências. Consultas sobre questões sentimentais eram as mais freqüentes: “Meu casamento ainda pode dar certo?” “Minha namorada me deixou por outro. Ela voltará para mim?” “Meu signo, Virgem, é compatível com o da minha namorada, que é Sagitário?” Felipão, ou melhor, professor Akynaton, tirava de letra todas elas. As respostas constavam de manual que trouxera de Goiânia. Sempre com respostas que o consulente gostaria de ouvir, mas dando saída para outro desfecho. Tudo corria bem. A audiência crescia a cada dia.
Muito ouvido e respeitado pelo público, Akynaton recebeu correspondência de um ouvinte da região de Jaraguá. Estava com a esposa internada no Hospital Dom Bosco, em Anápolis, para dar a luz ao quarto filho. Pai de três meninas, torcia pelo nascimento de um menino. Assim, queria saber se a criança que estava prestes a nascer seria do sexo masculino. Akynaton, leu a correspondência. O manual não lhe dava condições de responder a questão com segurança. Alegando falta dos signos dos pais, idades das irmãs e signo de cada uma, cor da pele do pai e da mãe, endereço de residência em Jaraguá, estava impossibilitado de revelar o sexo da criança. A mãe já se encontrava internada para dar a luz. Sabedor que a criança nasceria logo, acreditava que até lhe serem prestados os esclarecimentos teria nascido.
Mal terminou o programa daquela tarde, o consulente chegou à Rádio Carajá levando as respostas solicitadas. O parto estava programado para a tarde do dia seguinte. O pai queria saber o sexo da criança, pelo menos, algumas horas antes do nascimento. Não houve escapatória: no dia seguinte, o professor Akynaton decifrou os dados que lhe foram repassados. Depois daquele suspense natural, disse solenemente que a criança seria do sexo masculino. “Será menino!”
Alegria contagiante quando a enfermeira saiu da sala do parto com a criança, anunciando ser do sexo masculino. Professor Akynaton se consagrou.
Romualdo Santillo, trabalhando como auxiliar de direção artística da Rádio Carajá de Anápolis, na década de 1960, sua principal preocupação era criar programação diversificada para a emissora. Aqueles programas tradicionais, como “Caleidoscópio Musical”, e ouvinte solicitando música pelo telefone estavam superados. As novas emissoras de rádio que operavam na cidade entraram no mercado com atrações modernas, cativantes. A Carajá, a mais antiga emissora de Anápolis, tinha como principal concorrente a Rádio Imprensa, ligada ao grupo Henrique Fanstone. Mesmo porque, a Santana pertencia ao mesmo grupo da Carajá. A Cultura, comandada por Benedito Junqueira, pertencia ao grupo Caiado, mais interessado em fazer a política do grupo. A Carajá era mais ouvida em quase todos os horários. A Imprensa, imbatível no programa das 14h. O astrólogo Omar Cardoso, com seus conselhos a pessoas desesperançadas de todo o Brasil, era líder absoluto em audiência. Omar foi considerado a maior expressão da astrologia nas emissoras de rádio brasileiras. Por mais que tentassem, as atrações da Carajá, para o horário, não cresciam.
Amigo do saudoso odontólogo e professor de química Felipe Jorge Mattar, o Felipão, Romualdo o convidou para apresentar programa nos moldes do de Omar Cardoso. Felipão foi a Goiânia conhecer regras básicas de numerologia e astrologia. Ficou mais de um mês indo e voltando todos dias. Aprendeu as noções básicas para enfrentar o desafio que Romualdo lhe reservara. Atenderia ouvintes da região. Preferencialmente de Anápolis. Raramente Omar Cardoso atendia alguém de Goiás. Seus consulentes eram mais de São Paulo, Minas Gerais , Rio de Janeiro, Paraná e Nordeste.
Para causar mais impacto e interesse ao público ouvinte, o astrólogo não foi apresentado como Felipão. Seu nome artístico: professor Akynaton. Dava a impressão de ser asiático, da Índia. Povo reconhecido internacionalmente como místico. Gente conhecedora de astrologia e numerologia.
No horário das 14h, Akynaton surgia na emissora, toalha branca enrrolada à cabeça, em forma de turbante, e estúdio fechado para visitantes, naquele horário.
Poucas foram as cartas da primeira semana. Contudo, em poucos dias as urnas estavam abarrotadas de correspondências. Consultas sobre questões sentimentais eram as mais freqüentes: “Meu casamento ainda pode dar certo?” “Minha namorada me deixou por outro. Ela voltará para mim?” “Meu signo, Virgem, é compatível com o da minha namorada, que é Sagitário?” Felipão, ou melhor, professor Akynaton, tirava de letra todas elas. As respostas constavam de manual que trouxera de Goiânia. Sempre com respostas que o consulente gostaria de ouvir, mas dando saída para outro desfecho. Tudo corria bem. A audiência crescia a cada dia.
Muito ouvido e respeitado pelo público, Akynaton recebeu correspondência de um ouvinte da região de Jaraguá. Estava com a esposa internada no Hospital Dom Bosco, em Anápolis, para dar a luz ao quarto filho. Pai de três meninas, torcia pelo nascimento de um menino. Assim, queria saber se a criança que estava prestes a nascer seria do sexo masculino. Akynaton, leu a correspondência. O manual não lhe dava condições de responder a questão com segurança. Alegando falta dos signos dos pais, idades das irmãs e signo de cada uma, cor da pele do pai e da mãe, endereço de residência em Jaraguá, estava impossibilitado de revelar o sexo da criança. A mãe já se encontrava internada para dar a luz. Sabedor que a criança nasceria logo, acreditava que até lhe serem prestados os esclarecimentos teria nascido.
Mal terminou o programa daquela tarde, o consulente chegou à Rádio Carajá levando as respostas solicitadas. O parto estava programado para a tarde do dia seguinte. O pai queria saber o sexo da criança, pelo menos, algumas horas antes do nascimento. Não houve escapatória: no dia seguinte, o professor Akynaton decifrou os dados que lhe foram repassados. Depois daquele suspense natural, disse solenemente que a criança seria do sexo masculino. “Será menino!”
Alegria contagiante quando a enfermeira saiu da sala do parto com a criança, anunciando ser do sexo masculino. Professor Akynaton se consagrou.
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Raul Balduíno e o MDB ( I )
Raul Balduíno de Souza, médico, natural de Posse-Go, foi importantíssimo para que o Movimento Democrático Brasileiro de Anápolis se constituísse no expoente máximo da resistência democrática em Goiás. Embora tenha militado politicamente em Posse, foi em Anápolis que se destacou, transformando-se numa das mais importantes figuras da resistência democrática do Estado, nos anos 60.
Jonas Ferreira Alves Duarte terminava em 1965 seu mandato como prefeito. Realizou administração progressista. Estruturou a administração municipal. Seu trabalho precisava ter continuidade. Naquele ano seriam realizadas as eleições para prefeitos e governadores em todo Brasil. As eleições legislativas para a Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado seriam no ano seguinte, 1966. Jonas pertencia ao PTB, aliado do PSD na cidade. Não havia o instituto da reeleição. Seu partido não preparara um nome para sucedê-lo. Aliás, valiam mais os acordos de última hora que preparo de nomes. O principal auxiliar do prefeito, Euripedes Barsanulfo Junqueira, braço direito de Jonas Duarte na administração, era cotado. Ninguém conhecia mais das coisas da prefeitura que ele. Preferiu não disputar. Euripedes sabia que para vencer a eleição teria que buscar apoio fora da base de apoio situacionista. Por ser amigo e muito próximo ao prefeito, receava que não conseguisse aglutinar em torno do seu nome, forças políticas contrárias.
O adversário era fortíssimo, Henrique Maurício Fanstone. Se transformara na sensação da política anapolina desde o instante em que venceu Ítalo Naghettíni, genro do cel. Achilles de Pina, na disputa para a vice prefeitura no pleito de 1960. O eleitor tinha o direito de votar em candidato a prefeito, governador e presidente da República de uma legenda e vice de outra legenda. Isso aconteceu a nível nacional em que Jânio Quadros se elegeu presidente da República pela UDN e o vice João Goulart, pertencia à coligação PTB/PSD. Fanstone (UDN) foi eleito vice ao lado de Jonas Duarte(PTB-PSD). Passava, o tempo e o prestígio de Henrique Fanstone crescia cada vez mais.
Sem contar com um nome popular, as lideranças do PTB e PSD partiram a procura de alguém sem militância política no município. Que não fosse político tradicional. Raul Balduino de Souza possuía esse perfil. Médico conceituado, ruralista, ex-presidente do sindicato rural de Anápolis e diplomata por excelência. Preenchia todas as condições para enfrentar o candidato udenista o também médico, Henrique Fanstone. Além disso, Raul era o único que poderia atrair parte importante da UDN municipal. A liderada pelos Caiado. Companheiros de Edenval e Elcival não apoiavam Fanstone. Caiadistas o responsabilizavam pela derrota de Emival Caiado para Otavio Lage de Siqueira, na convenção udenista.
A velha UDN queria Emival. Ele não tinha dúvida que enfrentaria Peixoto da Silveira, candidato do PSD. Perdeu para o engenheiro Otavio Lage, prefeito de Goianésia. O articulador de Otavio na convenção, teria sido Henrique Fanstone. Grande era o ressentimento. Os Caiado não votariam em Fanstone. Da mesma forma não se dispunham a apoiar candidato que fosse militante tradicional do PTB ou PSD. Em Raul Balduino votariam.
Confirmada a candidatura de Raul, os Caiado montaram comitê Otávio Lage-Raul Balduíno, no centro da cidade. João Beze foi o principal comandante do Comitê, conhecido como Comitê do Meio.
Henrique Fanstone arrastava multidões aos seus comícios. O povo ia a pé a todos eles. Seus eleitores deliravam quando atacava os adversários. Esse entusiasmo da massa fanatizada, revigorava cada vez mais suas ironias. Os comícios de Fanstone eram transmitidos ao vivo pela Rádio Imprensa e os de Raul Balduíno pela Rádio Carajá. A forma de expressar de Henrique Fanstone agradava seus eleitores, mas o distanciava do eleitorado mais observador. Aqueles que se definem pelo candidato no curso da campanha. Pela sua forma irônica ao atacar o concorrente, se afastava desse eleitorado.
Raul Balduíno, tranquilo ganhava força a cada instante. Seu valor pessoal, prestígio de Jonas Duarte e aliança com o grupo Caiado: Otávio para o governo e Raul para prefeitura foram fundamentais para seu crescimento eleitoral. Henrique Fanstone e Raul Balduino, embora à época não houvesse pesquisa de intenção de votos, chegaram ao pleito, em igualdade de condições. Apurados os votos na cidade de Anápolis, Henrique Fanstone estava à frente. Abertas as urnas do distrito de Souzânia, Raul tirou a diferença e venceu por 222 votos.
Raul Balduíno foi excelente prefeito. Na formação dos partidos em 1966, ficou com o MDB. Deu credibilidade e sustentação ao partido que estava surgindo. Ao final do mandato em 1969, era apontado como o companheiro ideal para ser vice de Iris Rezende Machado, que estava sendo preparado como candidato do MDB, ao governo de Goiás em 1970.
Jonas Ferreira Alves Duarte terminava em 1965 seu mandato como prefeito. Realizou administração progressista. Estruturou a administração municipal. Seu trabalho precisava ter continuidade. Naquele ano seriam realizadas as eleições para prefeitos e governadores em todo Brasil. As eleições legislativas para a Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado seriam no ano seguinte, 1966. Jonas pertencia ao PTB, aliado do PSD na cidade. Não havia o instituto da reeleição. Seu partido não preparara um nome para sucedê-lo. Aliás, valiam mais os acordos de última hora que preparo de nomes. O principal auxiliar do prefeito, Euripedes Barsanulfo Junqueira, braço direito de Jonas Duarte na administração, era cotado. Ninguém conhecia mais das coisas da prefeitura que ele. Preferiu não disputar. Euripedes sabia que para vencer a eleição teria que buscar apoio fora da base de apoio situacionista. Por ser amigo e muito próximo ao prefeito, receava que não conseguisse aglutinar em torno do seu nome, forças políticas contrárias.
O adversário era fortíssimo, Henrique Maurício Fanstone. Se transformara na sensação da política anapolina desde o instante em que venceu Ítalo Naghettíni, genro do cel. Achilles de Pina, na disputa para a vice prefeitura no pleito de 1960. O eleitor tinha o direito de votar em candidato a prefeito, governador e presidente da República de uma legenda e vice de outra legenda. Isso aconteceu a nível nacional em que Jânio Quadros se elegeu presidente da República pela UDN e o vice João Goulart, pertencia à coligação PTB/PSD. Fanstone (UDN) foi eleito vice ao lado de Jonas Duarte(PTB-PSD). Passava, o tempo e o prestígio de Henrique Fanstone crescia cada vez mais.
Sem contar com um nome popular, as lideranças do PTB e PSD partiram a procura de alguém sem militância política no município. Que não fosse político tradicional. Raul Balduino de Souza possuía esse perfil. Médico conceituado, ruralista, ex-presidente do sindicato rural de Anápolis e diplomata por excelência. Preenchia todas as condições para enfrentar o candidato udenista o também médico, Henrique Fanstone. Além disso, Raul era o único que poderia atrair parte importante da UDN municipal. A liderada pelos Caiado. Companheiros de Edenval e Elcival não apoiavam Fanstone. Caiadistas o responsabilizavam pela derrota de Emival Caiado para Otavio Lage de Siqueira, na convenção udenista.
A velha UDN queria Emival. Ele não tinha dúvida que enfrentaria Peixoto da Silveira, candidato do PSD. Perdeu para o engenheiro Otavio Lage, prefeito de Goianésia. O articulador de Otavio na convenção, teria sido Henrique Fanstone. Grande era o ressentimento. Os Caiado não votariam em Fanstone. Da mesma forma não se dispunham a apoiar candidato que fosse militante tradicional do PTB ou PSD. Em Raul Balduino votariam.
Confirmada a candidatura de Raul, os Caiado montaram comitê Otávio Lage-Raul Balduíno, no centro da cidade. João Beze foi o principal comandante do Comitê, conhecido como Comitê do Meio.
Henrique Fanstone arrastava multidões aos seus comícios. O povo ia a pé a todos eles. Seus eleitores deliravam quando atacava os adversários. Esse entusiasmo da massa fanatizada, revigorava cada vez mais suas ironias. Os comícios de Fanstone eram transmitidos ao vivo pela Rádio Imprensa e os de Raul Balduíno pela Rádio Carajá. A forma de expressar de Henrique Fanstone agradava seus eleitores, mas o distanciava do eleitorado mais observador. Aqueles que se definem pelo candidato no curso da campanha. Pela sua forma irônica ao atacar o concorrente, se afastava desse eleitorado.
Raul Balduíno, tranquilo ganhava força a cada instante. Seu valor pessoal, prestígio de Jonas Duarte e aliança com o grupo Caiado: Otávio para o governo e Raul para prefeitura foram fundamentais para seu crescimento eleitoral. Henrique Fanstone e Raul Balduino, embora à época não houvesse pesquisa de intenção de votos, chegaram ao pleito, em igualdade de condições. Apurados os votos na cidade de Anápolis, Henrique Fanstone estava à frente. Abertas as urnas do distrito de Souzânia, Raul tirou a diferença e venceu por 222 votos.
Raul Balduíno foi excelente prefeito. Na formação dos partidos em 1966, ficou com o MDB. Deu credibilidade e sustentação ao partido que estava surgindo. Ao final do mandato em 1969, era apontado como o companheiro ideal para ser vice de Iris Rezende Machado, que estava sendo preparado como candidato do MDB, ao governo de Goiás em 1970.
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domingo, 6 de fevereiro de 2011
Catelan e a modernização cultural
O professor Álvaro Catelan é historiador e grande incentivador da cultura popular em Goiás. Apesar de muito bem votado, não se elegeu deputado estadual nas eleições de 1982. Excelente profissional e profundo conhecedor da cultura e hábitos dos moradores do Cerrado goiano, o convoquei para me auxiliar na Secretaria Estadual da Educação, como diretor da Fundação Culural.
Repleto de ideias inovadoras e motivado pelo desafio, dava gosto ouví-lo discorrendo sobre seus revolucionários projetos para a educação goiana, através da cultura. Defendia, com muita competência e conhecimento de causa, que o estudante goiano, aquele que vive a realidade do nosso Cerrado, não pode aprender o que é ensinado ao estudante do Rio e São Paulo ou dos grandes centros urbanos.
Alfabetizar um estudante do Norte ou Nordeste de Goiás, que conhece veado campeiro, guariroba, tatu-bola, perdiz, codorna, bacuri, cascavel, mama-cadela, tucum, pequi, gabiroba, pau-terra, araticum, aroeira, mata-burro, piquete ou porteira, não pode ser da mesma forma que se alfabetiza garotos das grandes cidades. Nos centros urbanos maiores, os meninos sabem o que são edifício vertical, porta-aviões, metrô, condomínio, Forças Armadas, navios, carros alegóricos, escola de samba e grandes estádios, mas não sabem o que são Cerrado, várzea e igarapé.
Para o morador de Babaçulândia ou Tocantinópolis (naquele tempo pertencentes a Goiás), temos que usar o produto que o menino local conhece: o babaçu. Falar sobre as quebradeiras de côco. Não sobre os esquiadores nas montanhas de neves de Aspen nos Estados Unidos ou da Suíça... Defendia, Catelan.
Para levar à frente seu projeto, o professor decidiu fazer alterações nas posições que alguns auxiliares ocupavam na estrutura da Fundação Cultural. Conversou com o maestro que comandava o departamento de Cultura Popular e Folclórica para que o auxiliasse no comando da Orquestra Sinfônica do Estado, dirigida por outro maestro. Sugeriu ao maestro da orquestra que fosse para a área popular e folclórica. Tinha a convicção que havendo a mudança o trabalho fluiria melhor. Numa nova missão, teriam mais motivação. Depois de exaustivas negociações, certo que tudo estava organizado, foi à secretaria me comunicar a novidade. Deixou para dar coletiva à imprensa depois que tudo estivesse funcionando normalmente.
Dois dias após encerradas as conversações, estava em seu gabinete se preparando para anunciar a revolucionária atividade da sua fundação, quando viu o maestro, o que deixaria a orquestra para dirigir a cultura popular, e todos os componentes da Orquestra Sinfônica, chegando para seu ensaio semanal. A orquestra ensaiava no salão existente na sede da Fundação Cultural. Catelan estava normalmente despachando. Notou que o maestro e os músicos estavam com uniforme de gala. Uniforme usado para suas exibições oficiais:
– Por que uniforme de gala em ensaio ? Catelan questionava a si mesmo!
Todos estavam em seus devidos lugares. Instrumentos prontos para uso. Ouve-se enorme estrondo:
– Bluúúúmmm, ruum, ruum...
Todos os instrumentos foram acionados ao mesmo tempo, fazendo aquele barulhão ensurdecedor. Em seguida a palavra do maestro:
– Amigos, irmãos e companheiros hoje é um dia triste para mim, um homem idealista, coerente e bem intencionado. Nunca pensei que um dia fosse afastado brutalmente do trabalho que amo e para o qual tenho dado o melhor de mim. Me tiraram do comando da orquestra que vi nascer e pela qual dei minha vida. Me afastaram como se afasta um cão vira-latas de um monte de lixo. Amputaram meu braço sem anestesia... Muitas outras coisas foram ditas pelo maestro. Estava decepcionado, amargurado e muito revoltado.
Catelan da sua sala ouvia tudo. Não havia notado em instante algum da conversa que tivera com o maestro, que houvesse por parte dele qualquer resistência às mudanças. Ficou assustado quando, ao mesmo tempo, os músicos gritaram:
– Cadê o homem?
Carregando clarineta, saxofone, violino, flauta, corneta, pandeiro e uma dezena de outros instrumentos, partiram rumo à sala de Catelan. Sem outra alternativa, o professor subiu correndo a Avenida Tocantins, com os músicos atrás. Suado, respiração ofegante, entrou na secretaria da Educação, em minha sala, para relatar o ocorrido. Descobriu que não era muito fácil promover alterações nos setores culturais da sua fundação. Os do sertão goiano continuaram sendo alfabetizados com porta-aviões, transatlântico, aviões de caça... Os maestros ficaram nas posições que os encontrou e as mudanças adiadas para outra oportunidade.
Repleto de ideias inovadoras e motivado pelo desafio, dava gosto ouví-lo discorrendo sobre seus revolucionários projetos para a educação goiana, através da cultura. Defendia, com muita competência e conhecimento de causa, que o estudante goiano, aquele que vive a realidade do nosso Cerrado, não pode aprender o que é ensinado ao estudante do Rio e São Paulo ou dos grandes centros urbanos.
Alfabetizar um estudante do Norte ou Nordeste de Goiás, que conhece veado campeiro, guariroba, tatu-bola, perdiz, codorna, bacuri, cascavel, mama-cadela, tucum, pequi, gabiroba, pau-terra, araticum, aroeira, mata-burro, piquete ou porteira, não pode ser da mesma forma que se alfabetiza garotos das grandes cidades. Nos centros urbanos maiores, os meninos sabem o que são edifício vertical, porta-aviões, metrô, condomínio, Forças Armadas, navios, carros alegóricos, escola de samba e grandes estádios, mas não sabem o que são Cerrado, várzea e igarapé.
Para o morador de Babaçulândia ou Tocantinópolis (naquele tempo pertencentes a Goiás), temos que usar o produto que o menino local conhece: o babaçu. Falar sobre as quebradeiras de côco. Não sobre os esquiadores nas montanhas de neves de Aspen nos Estados Unidos ou da Suíça... Defendia, Catelan.
Para levar à frente seu projeto, o professor decidiu fazer alterações nas posições que alguns auxiliares ocupavam na estrutura da Fundação Cultural. Conversou com o maestro que comandava o departamento de Cultura Popular e Folclórica para que o auxiliasse no comando da Orquestra Sinfônica do Estado, dirigida por outro maestro. Sugeriu ao maestro da orquestra que fosse para a área popular e folclórica. Tinha a convicção que havendo a mudança o trabalho fluiria melhor. Numa nova missão, teriam mais motivação. Depois de exaustivas negociações, certo que tudo estava organizado, foi à secretaria me comunicar a novidade. Deixou para dar coletiva à imprensa depois que tudo estivesse funcionando normalmente.
Dois dias após encerradas as conversações, estava em seu gabinete se preparando para anunciar a revolucionária atividade da sua fundação, quando viu o maestro, o que deixaria a orquestra para dirigir a cultura popular, e todos os componentes da Orquestra Sinfônica, chegando para seu ensaio semanal. A orquestra ensaiava no salão existente na sede da Fundação Cultural. Catelan estava normalmente despachando. Notou que o maestro e os músicos estavam com uniforme de gala. Uniforme usado para suas exibições oficiais:
– Por que uniforme de gala em ensaio ? Catelan questionava a si mesmo!
Todos estavam em seus devidos lugares. Instrumentos prontos para uso. Ouve-se enorme estrondo:
– Bluúúúmmm, ruum, ruum...
Todos os instrumentos foram acionados ao mesmo tempo, fazendo aquele barulhão ensurdecedor. Em seguida a palavra do maestro:
– Amigos, irmãos e companheiros hoje é um dia triste para mim, um homem idealista, coerente e bem intencionado. Nunca pensei que um dia fosse afastado brutalmente do trabalho que amo e para o qual tenho dado o melhor de mim. Me tiraram do comando da orquestra que vi nascer e pela qual dei minha vida. Me afastaram como se afasta um cão vira-latas de um monte de lixo. Amputaram meu braço sem anestesia... Muitas outras coisas foram ditas pelo maestro. Estava decepcionado, amargurado e muito revoltado.
Catelan da sua sala ouvia tudo. Não havia notado em instante algum da conversa que tivera com o maestro, que houvesse por parte dele qualquer resistência às mudanças. Ficou assustado quando, ao mesmo tempo, os músicos gritaram:
– Cadê o homem?
Carregando clarineta, saxofone, violino, flauta, corneta, pandeiro e uma dezena de outros instrumentos, partiram rumo à sala de Catelan. Sem outra alternativa, o professor subiu correndo a Avenida Tocantins, com os músicos atrás. Suado, respiração ofegante, entrou na secretaria da Educação, em minha sala, para relatar o ocorrido. Descobriu que não era muito fácil promover alterações nos setores culturais da sua fundação. Os do sertão goiano continuaram sendo alfabetizados com porta-aviões, transatlântico, aviões de caça... Os maestros ficaram nas posições que os encontrou e as mudanças adiadas para outra oportunidade.
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
O Terceiro Lugar
Em 1972, o prefeito Henrique Santillo desejando modernizar e ampliar o serviço de água e esgoto do município de Anápolis, pleiteou financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Administrava o serviço a Superintendência Municipal de Saneamento - Sumsan. Esbarrou na exigência da Caixa de só financiar projetos que pertencessem às empresas estaduais. Não tendo outra alternativa e para não prejudicar a população, o prefeito transferiu para a Saneago o comando do serviço de água e esgoto e todo patrimônio que pertencia à Sumsan.
Como governador em 1987, portanto há 24 anos, o destino reservou a Henrique Santillo realizar o que planejara como prefeito.
Implantou no município importante sistema de captação e tratamento do esgoto domiciliar. Foram aplicados mais de cem milhões de dólares. Maior obra pública realizada em favor da população em todos os tempos. Tudo financiado pela Caixa Econômica Federal. A rede coletora que existia até então, atendendo precariamente o setor central da cidade, foi toda refeita por rede moderna, resistente e de grande vazão. Todos os bairros existentes e minimamente habitados foram beneficiados. Quase toda área territorial urbana existente recebeu o serviço de esgoto. O sistema recebeu moderníssima estação de tratamento. Sepultado de uma vez por todas o esgotamento, sem qualquer tratamento, esgoto que era despejado no córrego das Antas sem tratamento, agora voltava com águas cristalinas ao córrego. Esse serviço extraordinário aliado ao abastecimento de água potável às regiões da Jaiara, Alexandrina, Boa Vista, Santa Isabel, Jardim América, Santa Maria de Nazereth, Fabril e dezenas de outras, pelo sistema do Ribeirão Piancó, realizado na administração de Iris Rezende Machado, foram marcantes para melhorar a condição de vida dos anapolinos. Os mais de quatro milhões de metros quadrados que fizemos de asfaltamento na cidade consolidaram essa melhoria.
Mortalidade infantil caiu. Doenças respiratórias e todas aquelas originárias da falta de infraestrutura sanitária como diarreia, hepatites, dengue e poliomielite foram reduzidas a níveis das cidades desenvolvidas.
Passados 24 anos da execução daqueles serviços, pouco ou quase nada foi acrescido ao que existia. A extensão do serviço de água potável que houve foi realizada na administração de Maguito Vilela, governador, e nossa como prefeito, em 1998. Aproveitando o excedente da água do Distrito Agroindustrial de Anápolis-Daia, foram atendidos bairros como Santo André, São João, Calixtolândia, Polo Centro, Vivian Parque, Calixtópolis, Vila União, Paraíso, Novo Paraíso, Parque das Primaveras, Mariana e outros. Atendimento que é emergencial e precário poderá ir ao colapso com a inclusão do residencial Copacabana, com 1.300 residências do programa Minha Casa, Minha Vida, que também será abastecido pelo mesmo sistema do Daia.
Essa falta de investimento em saneamento em Anápolis nestes últimos 24 anos, conforme dados do Sistema de Informações em Saúde, do Ministério da Saúde, está provocando graves consequências à saúde dos anapolinos. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, sobre Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População, em municípios com mais de 300 mil habitantes, revela que Anápolis está entre os município com a maior incidência de diarreia, provocada por falta de saneamento. São 325,7 internações para cada grupo de 100 mil habitantes. Três vezes mais que a média brasileira de 107,4 internações por diarreia, para cada grupo de 100 mil habitantes. O município ocupa o lamentável 8º lugar, a nível nacional, em pessoas com diarreia, por falta de saneamento. Quando se trata dos custos dessas internações para a saúde pública, a diarreia causada pela falta de saneamento em Anápolis fica em 3º lugar. Só gastam mais que Anápolis, no tratamento à diarreia, Vitória da Conquista (BA) e Maceió (AL).
Anápolis, em 2003, treze anos após Henrique Santillo ter construído essa importante obra, ocupava o 16º lugar entre os municípios goianos mais bem servidos pelo serviço de esgoto. Em 2008, data em que a pesquisa foi realizada pelo Ministério da Saúde, caiu para a 47ª posição. Culpa da falta de investimento em saneamento e expansão desordenada de novos loteamentos. População convivendo com fossas e cisternas, sofrendo diversas doenças que já não existem no mundo civilizado. Hoje, pelo exagerado crescimento urbano e ausência de saneamento, a situação é mais dramática que em 2008. Está passando da hora de o poder público agir, tomando as necessárias providências. Anápolis que já foi referência de cidade mais bem servida de saneamento em Goiás, ocupa hoje o humilhante terceiro lugar no Brasil, em gastos com internações por diarreia, pela falta de infraestrutura sanitária. Essa posição é um dado relevante de alerta. Não podemos deixar que o troféu de campeão nacional da diarreia venha para Anápolis na próxima pesquisa.
Como governador em 1987, portanto há 24 anos, o destino reservou a Henrique Santillo realizar o que planejara como prefeito.
Implantou no município importante sistema de captação e tratamento do esgoto domiciliar. Foram aplicados mais de cem milhões de dólares. Maior obra pública realizada em favor da população em todos os tempos. Tudo financiado pela Caixa Econômica Federal. A rede coletora que existia até então, atendendo precariamente o setor central da cidade, foi toda refeita por rede moderna, resistente e de grande vazão. Todos os bairros existentes e minimamente habitados foram beneficiados. Quase toda área territorial urbana existente recebeu o serviço de esgoto. O sistema recebeu moderníssima estação de tratamento. Sepultado de uma vez por todas o esgotamento, sem qualquer tratamento, esgoto que era despejado no córrego das Antas sem tratamento, agora voltava com águas cristalinas ao córrego. Esse serviço extraordinário aliado ao abastecimento de água potável às regiões da Jaiara, Alexandrina, Boa Vista, Santa Isabel, Jardim América, Santa Maria de Nazereth, Fabril e dezenas de outras, pelo sistema do Ribeirão Piancó, realizado na administração de Iris Rezende Machado, foram marcantes para melhorar a condição de vida dos anapolinos. Os mais de quatro milhões de metros quadrados que fizemos de asfaltamento na cidade consolidaram essa melhoria.
Mortalidade infantil caiu. Doenças respiratórias e todas aquelas originárias da falta de infraestrutura sanitária como diarreia, hepatites, dengue e poliomielite foram reduzidas a níveis das cidades desenvolvidas.
Passados 24 anos da execução daqueles serviços, pouco ou quase nada foi acrescido ao que existia. A extensão do serviço de água potável que houve foi realizada na administração de Maguito Vilela, governador, e nossa como prefeito, em 1998. Aproveitando o excedente da água do Distrito Agroindustrial de Anápolis-Daia, foram atendidos bairros como Santo André, São João, Calixtolândia, Polo Centro, Vivian Parque, Calixtópolis, Vila União, Paraíso, Novo Paraíso, Parque das Primaveras, Mariana e outros. Atendimento que é emergencial e precário poderá ir ao colapso com a inclusão do residencial Copacabana, com 1.300 residências do programa Minha Casa, Minha Vida, que também será abastecido pelo mesmo sistema do Daia.
Essa falta de investimento em saneamento em Anápolis nestes últimos 24 anos, conforme dados do Sistema de Informações em Saúde, do Ministério da Saúde, está provocando graves consequências à saúde dos anapolinos. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, sobre Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População, em municípios com mais de 300 mil habitantes, revela que Anápolis está entre os município com a maior incidência de diarreia, provocada por falta de saneamento. São 325,7 internações para cada grupo de 100 mil habitantes. Três vezes mais que a média brasileira de 107,4 internações por diarreia, para cada grupo de 100 mil habitantes. O município ocupa o lamentável 8º lugar, a nível nacional, em pessoas com diarreia, por falta de saneamento. Quando se trata dos custos dessas internações para a saúde pública, a diarreia causada pela falta de saneamento em Anápolis fica em 3º lugar. Só gastam mais que Anápolis, no tratamento à diarreia, Vitória da Conquista (BA) e Maceió (AL).
Anápolis, em 2003, treze anos após Henrique Santillo ter construído essa importante obra, ocupava o 16º lugar entre os municípios goianos mais bem servidos pelo serviço de esgoto. Em 2008, data em que a pesquisa foi realizada pelo Ministério da Saúde, caiu para a 47ª posição. Culpa da falta de investimento em saneamento e expansão desordenada de novos loteamentos. População convivendo com fossas e cisternas, sofrendo diversas doenças que já não existem no mundo civilizado. Hoje, pelo exagerado crescimento urbano e ausência de saneamento, a situação é mais dramática que em 2008. Está passando da hora de o poder público agir, tomando as necessárias providências. Anápolis que já foi referência de cidade mais bem servida de saneamento em Goiás, ocupa hoje o humilhante terceiro lugar no Brasil, em gastos com internações por diarreia, pela falta de infraestrutura sanitária. Essa posição é um dado relevante de alerta. Não podemos deixar que o troféu de campeão nacional da diarreia venha para Anápolis na próxima pesquisa.
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Irapuan Costa Júnior fez a diferença
As vitórias sucessivas (quatro, entre 1966 e 1972 ) e cada vez mais expressivas do MDB em Anápolis levaram o presidente Emílio Garrastazu Médici a cassar o mandato do prefeito José Batista Júnior (MDB) e transformar o município em Área de Segurança Nacional, em 28 de agosto de 1973. Foi a desesperada tentativa do regime arbitrário de conter avanço santillista. Milton Alves, vice-prefeito, foi impedido de assumir o cargo. O engenheiro Irapuan Costa Júnior, desconhecido do meio político, nomeado prefeito. Residente em Goiânia, sem militância política destacada, partiu para a difícil tarefa de administrar uma das cidades mais convictas no combate à ditadura. A mais importante cidade do interior goiano. Cidade conhecida por ter MDB aguerrido e combativo. Cidade que, em várias oportunidades, dera prova de ser a favor pelas liberdades democráticas.
Irapuan, por não ser político militante, montou seu secretariado com pessoas influentes e bem-sucedidas na iniciativa privada. Sem se preocupar se eram arenistas ou não. Evitou radicalismo político. Não teve tempo para executar obras de destaque. Seu período como prefeito foi muito curto. Atuou mais politicamente que no setor administrativo. O governo federal tinha missão maior reservada para ele: suceder Leonino Caiado. Se sua indicação para a Prefeitura de Anápolis surpreendeu a prória Arena, na escolha para o governo, não houve surpresa. Desde que chegou à prefeitura, ninguém tinha dúvidas de que ali estava o futuro governador. Seu gabinete transformou-se em visitação obrigatória das lideranças arenistas. Leonino Caiado tinha preferência por Manoel dos Reis, prefeito de Goiânia, mas Brasília queria Irapuan.
Durante os 12 anos em que Anápolis foi considerada Área de Segurança Nacional (de 1973 a 1985), passaram pela prefeitura oito nomeados: Irapuan Costa Júnior, Eurípedes Junqueira, Jamel Cecílio, Lincoln de Almeida, Decil de Sá Abreu, Wolney Martins, Olímpio Ferreira Sobrinho e Anapolino de Faria.
Mesmo recebendo com simpatia sua forma suprapartidária de administrar, a população continuou votando contra. Sempre derrotando a Arena, dando vitórias consagradoras ao MDB. Em 1974, com Irapuan já escolhido governador, a derrota arenista em Anápolis foi arrasadora. Durante o período em que a cidade ficou sem autonomia política, o MDB só foi derrotado em 1976, eleição para vereadores, na administração Jamel Cecílio: Arena 8 X 7 MDB. Nas demais, vitórias do MDB.
O Movimento Democrático Brasileiro, ligado ao grupo Santillo, fez oposição a todos os nomeados, como representantes que eram do autoritarismo em Anápolis. Combate em todos os campos de ação. O santillismo se opunha aos nomeados a partir de Irapuan, nas tribunas, comícios, concentrações e simpósios, além do programa radiofônico O povo falou, tá falado.
Assumindo o governo estadual, Irapuan, com sua visão desenvolvimentista e em agradecimento ao povo anapolino, construiu o mais completo e moderno distrito industrial do Centro-Oeste: Distrito Agroindustrial de Anápolis – Daia. Instrumento fundamental para a consolidação do município como o maior polo industrial do Estado. Hoje, a mais importante obra do governo Irapuan abastece mais de 50 mil habitantes, com graças ao extraordinário reservatório e estação de água tratada no Daia. As 1.300 casas do programa Minha Casa, Minha Vida do Conjunto Copacabana serão abastecidas com água do distrito industrial.
Embora sempre combatido, Irapuan não guardou qualquer tipo de mágoa ou ressentimento. Com o passar do tempo, tornou-se amigo fraterno e solidário de Henrique Santillo. Transformou-se em destacado representante de Goiás e defensor da administração Santillo no Senado. Com o distanciamento político de Santillo e Iris Rezende Machado, ficou com Santillo. Irapuan atuou intensa e competentemente para que o PP indicasse Henrique Santillo ao Ministério da Saúde na administração Itamar Franco.
Algumas ações de Irapuan Costa Júnior são pouco conhecidas do grande público. Em 1975, como governador do Estado, enviou proposta de emenda constitucional à Assembleia Legislativa, extinguindo dispositivo que assegurava aos ex-governadores goianos pensão vitalícia. Remuneração idêntica a paga mensalmente a um desembargador do Tribunal de Justiça. A Constituição Estadual, adaptada à Constituição Federal, foi outorgada pelo governador Otávio Lage. A Assembleia Legislativa, em 1969, época da sua elaboração, estava fechada por decisão do governo federal. A Constituição Federal, outorgada por uma junta militar, garantia aos ex-presidentes da República pensão vitalícia equivalente ao salário de ministro do Supremo Tribunal Federal. A goiana privilegiava, com seu artigo 141, os ex-governadores, mesmo sem recolher um centavo ao Ipasgo ou ao Tesouro Estadual. Foi Irapuan Costa Júnior quem eliminou esse escandaloso privilégio, propondo a sua revogação. Eliminando privilégio a políticos, sua atitude até hoje repercute. Não há outra semelhante em todo o Brasil. Não foi promessa de campanha, pois foi nomeado. Não necessitou do voto popular. Abriu mão da polpuda pensão que a Constituição do Estado lhe assegurava ao se transformar, quatro anos à frente – 1979 –, em ex-governador. Abriu mão do direito a aposentadoria que seus antecessores recebiam. Irapuan Costa Júnior, mesmo chegando ao poder sem o voto popular, ouviu o clamor das ruas.
Esse fato se torna mais relevante quando, neste instante, a imprensa noticia que até o senador Álvaro Dias, um dos mais combativos senadores do PSDB, está reivindicando, retroativamente, mais de um milhão e seiscentos mil reais do Tesouro paranaense, com base em pensão vitalícia, por ter governado o Paraná.
Irapuan, por não ser político militante, montou seu secretariado com pessoas influentes e bem-sucedidas na iniciativa privada. Sem se preocupar se eram arenistas ou não. Evitou radicalismo político. Não teve tempo para executar obras de destaque. Seu período como prefeito foi muito curto. Atuou mais politicamente que no setor administrativo. O governo federal tinha missão maior reservada para ele: suceder Leonino Caiado. Se sua indicação para a Prefeitura de Anápolis surpreendeu a prória Arena, na escolha para o governo, não houve surpresa. Desde que chegou à prefeitura, ninguém tinha dúvidas de que ali estava o futuro governador. Seu gabinete transformou-se em visitação obrigatória das lideranças arenistas. Leonino Caiado tinha preferência por Manoel dos Reis, prefeito de Goiânia, mas Brasília queria Irapuan.
Durante os 12 anos em que Anápolis foi considerada Área de Segurança Nacional (de 1973 a 1985), passaram pela prefeitura oito nomeados: Irapuan Costa Júnior, Eurípedes Junqueira, Jamel Cecílio, Lincoln de Almeida, Decil de Sá Abreu, Wolney Martins, Olímpio Ferreira Sobrinho e Anapolino de Faria.
Mesmo recebendo com simpatia sua forma suprapartidária de administrar, a população continuou votando contra. Sempre derrotando a Arena, dando vitórias consagradoras ao MDB. Em 1974, com Irapuan já escolhido governador, a derrota arenista em Anápolis foi arrasadora. Durante o período em que a cidade ficou sem autonomia política, o MDB só foi derrotado em 1976, eleição para vereadores, na administração Jamel Cecílio: Arena 8 X 7 MDB. Nas demais, vitórias do MDB.
O Movimento Democrático Brasileiro, ligado ao grupo Santillo, fez oposição a todos os nomeados, como representantes que eram do autoritarismo em Anápolis. Combate em todos os campos de ação. O santillismo se opunha aos nomeados a partir de Irapuan, nas tribunas, comícios, concentrações e simpósios, além do programa radiofônico O povo falou, tá falado.
Assumindo o governo estadual, Irapuan, com sua visão desenvolvimentista e em agradecimento ao povo anapolino, construiu o mais completo e moderno distrito industrial do Centro-Oeste: Distrito Agroindustrial de Anápolis – Daia. Instrumento fundamental para a consolidação do município como o maior polo industrial do Estado. Hoje, a mais importante obra do governo Irapuan abastece mais de 50 mil habitantes, com graças ao extraordinário reservatório e estação de água tratada no Daia. As 1.300 casas do programa Minha Casa, Minha Vida do Conjunto Copacabana serão abastecidas com água do distrito industrial.
Embora sempre combatido, Irapuan não guardou qualquer tipo de mágoa ou ressentimento. Com o passar do tempo, tornou-se amigo fraterno e solidário de Henrique Santillo. Transformou-se em destacado representante de Goiás e defensor da administração Santillo no Senado. Com o distanciamento político de Santillo e Iris Rezende Machado, ficou com Santillo. Irapuan atuou intensa e competentemente para que o PP indicasse Henrique Santillo ao Ministério da Saúde na administração Itamar Franco.
Algumas ações de Irapuan Costa Júnior são pouco conhecidas do grande público. Em 1975, como governador do Estado, enviou proposta de emenda constitucional à Assembleia Legislativa, extinguindo dispositivo que assegurava aos ex-governadores goianos pensão vitalícia. Remuneração idêntica a paga mensalmente a um desembargador do Tribunal de Justiça. A Constituição Estadual, adaptada à Constituição Federal, foi outorgada pelo governador Otávio Lage. A Assembleia Legislativa, em 1969, época da sua elaboração, estava fechada por decisão do governo federal. A Constituição Federal, outorgada por uma junta militar, garantia aos ex-presidentes da República pensão vitalícia equivalente ao salário de ministro do Supremo Tribunal Federal. A goiana privilegiava, com seu artigo 141, os ex-governadores, mesmo sem recolher um centavo ao Ipasgo ou ao Tesouro Estadual. Foi Irapuan Costa Júnior quem eliminou esse escandaloso privilégio, propondo a sua revogação. Eliminando privilégio a políticos, sua atitude até hoje repercute. Não há outra semelhante em todo o Brasil. Não foi promessa de campanha, pois foi nomeado. Não necessitou do voto popular. Abriu mão da polpuda pensão que a Constituição do Estado lhe assegurava ao se transformar, quatro anos à frente – 1979 –, em ex-governador. Abriu mão do direito a aposentadoria que seus antecessores recebiam. Irapuan Costa Júnior, mesmo chegando ao poder sem o voto popular, ouviu o clamor das ruas.
Esse fato se torna mais relevante quando, neste instante, a imprensa noticia que até o senador Álvaro Dias, um dos mais combativos senadores do PSDB, está reivindicando, retroativamente, mais de um milhão e seiscentos mil reais do Tesouro paranaense, com base em pensão vitalícia, por ter governado o Paraná.
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