sexta-feira, 2 de abril de 2010

Coadjuvante de uma grande causa

Publicado na edição de 01/04/2010 do jornal Diário da Manhã

A primeira vez que disputei eleição por partido político foi em 1970, como candidato a deputado estadual pelo MDB. Meu irmão Henrique Santillo já havia disputado e vencido as eleições para vereador em 1966 e prefeito em 1969, também pelo MDB. Fiz parte dos 12 que formaram a bancada emedebista na legislatura de 1971/1975, reduzida logo no início, com a adesão de Clarismar Fernandes à Arena.

Com a cassação das principais lideranças oposicionistas no Estado, sendo a mais traumática delas a do prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado, o prefeito de Anápolis surgia como a grande esperança da oposição goiana. Ao mesmo tempo em que Iris Rezende era cassado e direitos políticos suspensos por 10 anos, foram suspensas as eleições diretas para os governos estaduais, substituídas por eleições indiretas pelas Assembleias Legislativas. Como a Arena possuía maioria nos Estados, só ficou sem o governo do Rio de Janeiro, onde a maioria era do MDB.

A frustração do eleitorado goiano com a cassação de Iris e suspensão das eleições diretas para o governo em 1970, foi pouco a pouco cedendo lugar ao otimismo que contagiou o Estado inteiro, pela resistência que partia de Anápolis. Seu povo dava vitórias consecutivas e cada vez mais expressivas ao MDB.Isso ficou claro em 1972, com a vitória maiúscula de José Batista Júnior à prefeitura, contra todas as forças governistas.

Nem mesmo a cassação de José Batista Junior, em 28 de agosto de 1973, transformação de Anápolis em Área de Segurança Nacional e outra vez a suspensão da eleição direta para governador em 1974, tiraram a motivação dos goianos pela redemocratização. A maior prova foram as eleições dos emedebistas Lázaro Ferreira Barbosa ao Senado, cinco deputados federais e Henrique Santillo para a Assembleia Legislativa, com mais de 32 mil votos, naquele ano.

De toda essa maratona cívica participei como coadjuvante de Henrique Santillo, na sua luta pela redemocratização do Brasil e chegar ao governo do Estado. Por conhecê-lo, acreditava nele. Em 1974, como candidato natural a deputado federal, Henrique no último instante disse que só lhe interessava ser candidato a deputado estadual, porque não queria abandonar sua atividade de médico, o que aconteceria se fosse para Brasília. Mesmo me tendo preparado para ser candidato à reeleição, disputei a cadeira de deputado federal para que ele não se afastasse das disputas. Fui reeleito mais duas vezes para a Câmara Federal, sempre dentro do projeto de consolidar sua candidatura ao governo.

Minha eleição para a 2ª vice-presidência da Câmara dos Deputados, 77/78 , foi visando seu projeto político. Assumi a secretaria da Educação em 1983, primeira administração de Iris Rezende, para fortalecer seu nome junto às lideranças municipais.

Com emoção vi em 1982, Henrique Santillo, a maior liderança política goiana naquele instante, forjada na oposição e combate à ditadura, abrir mão da sua natural candidatura ao governo, para Iris Rezende Machado, entregando-lhe um eleitorado motivado, organizado e imbatível. Essa força peemedebista goiana foi demonstrada na disputa para o Senado em 1978, quando a dupla Henrique/Juarez derrotou os arenistas Osires/Jarmund/Jonas.

A partir daquele resultado, não havia a menor dúvida, em qualquer eleição majoritária que ocorresse em Goiás, o PMDB venceria. Pelo trabalho prestado e vitórias obtidas, Henrique Santillo era a maior liderança política em Goiás. Como o grande nome, apenas adiava um pouco mais seu sonho de governar o Estado. A alegria seria em dose dupla em 1986: ser governador de Goiás depois de sepultada a ditadura. Participei com muito orgulho dessa tarefa cívica e patriótica em prol dos brasileiros.

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