domingo, 12 de dezembro de 2010

Quase Candidato a Prefeito de Niquelândia

Em 1976, foi disputada em Anápolis a primeira eleição municipal só para vereadores, depois que o município foi enquadrado na Área de Segurança Nacional. O prefeito nomeado Jamel Cecílio, lançou chapa arenista altamente representativa. Mesmo assim foram eleitos 8 vereadores pela Arena e 7 pelo MDB. Foi a primeira e única vitória dos arenistas no município. Não havendo eleição para prefeito, participamos das campanhas por todo interior.

Em Niquelândia, a liderança mais forte ligada ao MDB era o comerciante Manoel Dourado, irmão do ex-deputado José Dourado. Os seus companheiros preferiram formar sublegenda na Arena. Dourado não quis disputar a prefeitura. Sem outro nome, ficou decidido que o partido não teria candidato na eleição daquele ano.

No encerramento do prazo para o registro de candidatura, fomos procurados por Jovino Konder, se dizendo interessado em disputar pelo partido a prefeitura de Niquelândia. Pediu-nos que conseguíssemos carro para levá-lo. Foi de Opala. Em sua companhia, seguiu professor Lucas Gonçalves, para preparar a documentação à Justiça Eleitoral. O próprio Jovino dirigiu o veículo.

Quando se aproximavam de Niquelândia, na região conhecida como Quebra Linha, Konder parou o automóvel no acostamento:

- Não posso ser visto. Vou deitar no banco de trás. Passou o volante ao professor Lucas.

- Eu nunca dirigi um carro!

- Não tem problema. Eu vou lhe ensinando como troca de marcha. Pode seguir devagar. Ressaltou Konder.

Lucas deu a última cartada:

- Jovino, como candidato você tem que aparecer!

- É que algumas pessoas não podem me ver. Depois com a candidatura registrada a história é outra...

Dirigindo a 10 km por hora, na BR-414, chegaram ao armazém do Manoel Dourado, em Niquelândia. Jovino o queria seu vice. Não conseguindo, partiu em busca de alguém que estivesse disposto a aceitar a disputa. No balcão do armazém, tomando cachaça, estava Sebastião. Jovem vaqueiro, peão de pequena fazenda da região.

- Quer ser candidato a vice-prefeito? Indagou Konder, batendo nas costas do rapaz que se engasgou de susto.

Sem tempo para melhor pensar, Sebastião aceitou. Não portando documento, pediu a um amigo que fosse até sua casa e lhe trouxesse título de eleitor, CPF e identidade. A esposa do Tião que lavava roupas e vasilhas ao mesmo tempo, quis saber o que estava acontecendo. Quando lhe foi dito que o marido seria candidato a vice-prefeito, largou o serviço doméstico partindo para o armazém a sua procura. Tião picado pela mosca azul já havia tomado gosto pela disputa. Não aceitou de forma alguma os argumentos da mulher para que abandonasse a disputa. Conformada e resmungando, retornou ao tanque.

Decidida a candidatura de Sebastião à vice, era hora de providenciar a documentação do candidato a prefeito. Não podendo ser visto, pediu a Manoel Dourado que buscasse seu título no Cartório Eleitoral. Poucos minutos depois, Dourado voltou:

- Jovino, você é eleitor em Rio Maria, no Pará!

- Como? Eu fiz a solicitação de transferência!

- Você fez o pedido, mas não pagou a multa. O processo ficou parado.

Lucas Gonçalves e Jovino Konder retornaram a Anápolis enfrentando a poeira da BR-414.

Nenhum comentário:

Postar um comentário