domingo, 28 de novembro de 2010

Baluartes do partido, Adhemar e Onaide saem e levam mais 70

Por Cezar Santos, Editor Assistente do Jornal Opção
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Uma saída mais do que anunciada. Na semana passada, o ex-prefeito Adhemar Santillo e sua mulher, a ex-deputada Onaide Santillo, se desligaram oficialmente do PMDB anapolino. São perdas significativas, considerando que Adhemar e Onaide são os dois políticos mais conhecidos da sigla e talvez de Anápolis. Adhemar, por sinal, era o presidente do PMDB, responsável pela organização e, pode-se dizer, coesão interna do partido na última década. Mas a campanha eleitoral que terminou no dia 31 de outubro evidenciou por demais a situação muito difícil do partido em Anápolis, que vem impondo duríssimas derrotas aos peemedebistas.

“Nós nos desligamos oficialmente na tarde segunda-feira, 22, quando entregamos a renúncia”, explica Adhemar Santillo. Mas o casal não saiu sozinho. “Fomos acompanhados por 72 companheiros, que seguiram o mesmo caminho nosso. Desses, 53 pertencem ao diretório. Dos 45 membros oficiais do diretório, saíram 29, além de 13 dos 15 suplentes”, contabiliza.

Teria sido uma desfiliação em massa? Adhemar diz que não: “Nós não fizemos desfiliação em massa do partido, fizemos só a desfiliação dos membros do diretório. Os filiados comuns vão ter outra oportunidade de migrar para onde nós formos. Então ficou a minoria. Mas isso agora é uma questão interna corporis do PMDB de Anápolis.”

Ao falar de seu rompimento com a sigla, o tom de voz de Adhemar trai certa mágoa, mas ele não menosprezo seu ex-partido. “Esperamos que aqueles que ficaram, até por imposição legal, já que quem tem mandato não pode sair, façam o trabalho deles. Eu vou fazer a política que sempre fiz. Espero entrar num partido onde eu possa pelo menos ter condição de dialogar de igual para igual com seus integrantes.”

E para onde iriam Adhemar, Onaide e companhia? Segundo e ex-prefeito, não falta destino. “Posso dizer que desde o partido comandante da política goiana hoje, do qual Marconi Perillo é o maior líder, que é o PSDB, até os outros aliados, qualquer um pode ser nossa opção. Resolvemos sair, em primeiro lugar, e agora vamos começar a discutir nosso destino.”

Adhemar Santillo diz que não há pressa em procurar abrigo partidário neste momento. “Não temos muita pressa para isso, porque vários dos companheiros que nos acompanharam querem ser candidatos em 2012, mas o prazo para estar filiado a um partido é até outubro de 2011, para poder disputar a eleição em 2012. Então até janeiro estaremos dialogando para escolher o melhor caminho a seguir.”

O ex-prefeito e ex-presidente do PMDB de Anápolis informa que os dissidentes anapolinos já foram procurados por várias siglas partidárias. “Temos alguns convites. Vários partidos nos procuraram, mas tenho dito aos companheiros que qualquer decisão só será tomada depois que tivermos uma conversa com o governador eleito Marconi Perillo, a quem apoiamos no segundo turno da eleição.”

Uma coisa é certa, Adhemar e Onaide Santillo devem ter a companhia de peemedebistas ilustres de outros municípios na nova sigla que vierem a escolher. Ele informa que já conversou com Juarez Magalhães Júnior, ex-prefeito de Cristianópolis (1997-2000 e 2001-2004), e com Ney Moura Teles. “Só não falei ainda com o Luiz Bittencourt, mas a tendência é que eles tomem uma posição em conjunto, idêntica à que vamos tomar em Anápolis.”

Segundo o ex-prefeito, o momento é de dialogar. “Vamos conversar muito não só com partidos, mas também com esses companheiros, para seguir um mesmo rumo. Aliás, várias lideranças do PMDB no Estado estão apenas esperando a nossa decisão para também se manifestar. Não temos feito nenhum proselitismo nesse sentido, mas sabemos que há essa tendência. Vamos trabalhar entre nós e escolher em conjunto aquela que for a média do pensamento do pessoal, para definirmos um partido.”

Peemedebistas históricos, Adhemar e Onaide Santillo, que tinha sido candidata a deputada, aderiram ao tucano Marconi Perillo, que disputava com Iris Rezende, da coligação PT-PMDB. E por que o apoio ao adversário do PMDB? “Apoiamos Marconi em função das divergências que tivemos pelo comportamento de Iris Rezende. Na campanha ficou claro que Iris tem a síndrome da velhice. Ele faz novas amizades e simplesmente descarta os antigos companheiros, foi o que aconteceu em Anápolis.”

Adhemar reclama do que considera ingratidão de Iris Rezende. “Demos um duro danado na campanha, fomos a cada lugar pedindo voto para Iris e para Dilma Rousseff. E passado o primeiro turno ele nem sequer nos deu um telefonema para agradecer pelo menos o trabalho que a candidata a deputada Onaide fez por ele, que o diretório fez.”

O ex-presidente deplora o comportamento do comando do PMDB estadual, que segundo ele se juntou a Antônio Gomide numa campanha insidiosa feita pelo prefeito e por outros petistas, de que o PT teria sido prejudicado porque o PMDB de Anápolis está desgastado. “Não, o PMDB de Anápolis está desgastado pelo desgaste a nível estadual e federal. Ninguém fala aqui que nós fechamos Caixego ou que participamos de rolo com o BEG, que vendemos Cachoeira Dourada. Não tem nada disso contra nós de Anápolis, vem tudo de cima para baixo e atinge a nós todos.”

Outro motivo de mágoa para Adhemar foram as contas feitas por Antônio Gomide e companhia depois do desastre eleitoral do primeiro turno, quando a vitória de Marconi foi acachapante. “O PT ainda veio alegar que os votos que Iris teve no primeiro turno foram votos do PT. Ora, o PMDB desde 1998 tem 22% dos votos em Anápolis, e foi isso que Iris teve no primeiro turno. Isso fez com que nós tomássemos um posicionamento coerente de sair. Não estávamos pedindo cargos, só queríamos respeito por parte dele.”

O ex-prefeito de Anápolis faz um breve histórico para justificar seus motivos em romper com o PMDB. “A derrota do partido em 1998 para Marconi foi natural, qualquer um pode ganhar ou perder. Mas acompanhadas da derrota vieram à tona denúncias que estigmatizaram o partido no Estado todo. Se são verdadeiras ou não, isso fica para a Justiça. Aquelas questões de Caixego, BEG, que foram tão exploradas pela imprensa, tudo aconteceu em função do PMDB ter perdido o poder. Então pior do que a derrota foi o estigma jogado sobre o partido.”

E continua: "E o comportamento do PMDB a nível nacional, hoje muito mais um partido de aluguel do que propriamente que visa chegar ao poder, piorou tudo. O PMDB hoje está satisfeito com os cargos que tem e vai continuar apoiando quem lhe der cargos. É uma política diferente da que aprendi a fazer. Fui formado na oposição, de combate à ditadura. Esperávamos que a democracia nos levasse ao poder e que colocaríamos o poder em função do povo. Infelizmente, a nível nacional não aconteceu. Tudo isso afetou Anápolis, que era o polo da resistência democrática, do qual eu fiz parte, com Fernando Cunha, Henrique Santillo, essa turma toda.”

Adhemar diz que hoje, com essa imagem do PMDB, o partido está fadado a inúmeros insucessos em Anápolis. "Mas nós resistimos, estivemos na trincheira o tempo todo. Eu, por exemplo, cheguei a me distanciar do meu irmão Henrique Santillo, com quem fiz política todos os dias no melhor da minha vida, para ficar ao lado de Iris Rezende e do PMDB. Eu achei que Henrique estava equivocado ao romper. Ele tinha os motivos dele, mas eu não via motivo para afastamento. Mas agora não dá mais, tivemos de sair.”

O alinhamento com o tucano Marconi Perillo é líquido e certo, segundo Adhemar. “Vou conversar com Marconi e procurar um partido da base aliada dele para continuarmos fazendo política em Anápolis. Com já disse, temos um leque de opções. Nos encontramos quando ele veio visitar o túmulo de Henrique Santillo, não tivemos tempo de conversar. Depois ele viajou, eu também. Creio que depois que ele passar pelo burburinho da formação de sua equipe, vai sobrar tempo para que possamos trocar uma ideia sobre a questão partidária e política.”

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