quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Godofredo e Sua Obra Sobre Anápolis

O jornalista Godofredo Sandoval Batista lançou, no último dia 8 de dezembro, importante livro contando a história de Anápolis desde 1860, quando dona Ana das Dores, depois de descansar às margens de uma cristalina e refrescante nascente dágua, existente nas proximidades do córrego das Antas, viu a mula que fazia parte da tropa, empacar. Relataram os que presenciaram a cena, que dona Ana ao abrir a bruaca que a mula transportava, encontrou a imagem de Santana. Retirada a imagem, a mula voltou a andar normalmente. Ana entendeu como sendo recado divino, para que se construísse naquele local, capela em louvor à santa. Daquele acontecimento aos dias de hoje, já se passaram 150 anos. Aí a razão de “Anápolis 150 anos de bairrismo”.

O jornalista relata fatos que presenciou e outros que conseguiu através de pesquisas. Consultou livros de outros autores sobre o mesmo tema. Ouviu relatos pessoais de historiadores e jornalistas mais antigos. Leu coleções completas de jornais anapolinos que hoje não circulam mais. Nos arquivos da prefeitura, analisou fotos e documentos históricos importantes. Foi sintético na sua narrativa, sem perder a fidelidade com os fatos narrados. Em “Anápolis 150 anos de bairrismo”, realça pontos relevantes e significativos de todos os setores da sociedade local. Escreve sobre desenvolvimento econômico, político, cultural, educacional e esportivo, mas não se esquece de figuras humildes e marcantes como Antônio Caetano Júnior, o uberabense Caetano, torcedor fanático da Associação Atlética Anapolina. No Estádio Manoel Demóstenes, ridicularizava jogadores adversários quando chutavam errado ao gol da Anapolina. Gritava com todas as forças dos seus pulmões: “Óh o pé dele Carpaneda!”. Com Teodora, a dama do Anápolis Futebol Clube, mulher que ia aos jogos do tricolor impecavelmente trajada e sempre acompanhada de sombrinha multicolorida, fazia o show à parte para os torcedores. Não se esqueceu de Maria Rosa, com seu clube Pena Azul ou Ponciana, com sua casa de encontros amorosos em pleno setor central da cidade.

Fala sobre o trabalho de evangelização do monsenhor Pitaluaga e sua firme ideologia de direita. Isso ficou evidente quando da visita do marechal Tito, da Iugoslávia, a Anápolis. Criticou a visita do velho marechal até mesmo quando a comitiva passava pela Praça do Bom Jesus. Marcante foi sua discussão verbal pelo alto-falante da Igreja Bom Jesus, com Geraldo Soares e Romualdo Santillo, redatores e apresentadores da “Rodinha do Café,” às 12 horas, pela Rádio Carajá. Eram os jornalistas provocando Pitaluga e ele respondendo agressivamente pelos alto-falantes da igreja.

Godofredo Sandoval Batista nos relata sobre a importância do café do Antônio, na Rua Barão do Rio Branco. Ponto de encontro de políticos, desportistas e sociedade em geral. Espécie de Café Central, da gente anapolina. Rua Barão de Rio Branco famosa também por ser palco de paquera para os jovens nos anos 50 e 60. O “vaivém”da moçada acontecia todos finais de semana, feriados e dias santificados, na Barão entre a Engenheiro Portela e Sete de Setembro. Homens nas calçadas e as mulheres desfilando pelo centro da rua a céu aberto. Dezenas de casais se conheceram e se casaram graças ao “vaivém.”

O livro de Godofredo Sandoval Batista é a mais perfeita crônica sobre Anápolis, sua gente e sua vida. Merece ser lido e discutido.

Só num ponto Godofredo Sandoval Batista comete pequeno equivoco. Com precisão descreve a conquista do campeonato paulista do IV Centenário pelo Corinthians, em 1954. Quando sua família retornava de Vianópolis para Anápolis. Fala do time com Gilmar ou Cabeção, Homero e Olavo; Idário, Roberto e Goiano; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Nonô ou Souzinha. Descreve que Baltazar era artilheiro e bom cabeceador. O cabecinha de ouro. O eleva à condição de inventor da bicicleta e conhecido como Diamante Negro! Inventor da bicicleta e Diamante Negro, foi Leônidas. É importante esse reparo para que torcedores do São Paulo e Flamengo não venham posteriormente nos contestar.

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