Com a cassação de José Batista (em agosto de 1973), alguns integrantes
do MDB de Anápolis foram aliciados pela Arena. Queriam, porque queriam,
levar o partido a apoiar a nova administração municipal, chefiada por
Irapuan Costa Júnior. Marcamos reunião do diretório para eleger nova
Executiva. Pressão implacável sobre os companheiros. Gente humilde,
desempregada, recebeu oferta de empregos. Ninguém se rendeu às ofertas.
Aquela mesma turma que se unira a Arena tentando a cassação de Henrique
Santillo e que apoiou Euripedes Junqueira, contra José Batista Júnior,
queria agora acabar com a oposição em Anápolis.Os companheiros, mesmo
pressionados de todo tipo, ficaram ao nosso lado afastando os adesistas.
Nós do MDB de Anápolis que fazíamos oposição incansável aos
governos do Estado e Federal, passamos da mesma forma a ser oposição em
Anápolis. No programa “O Povo Falou, Tá Falado”, pela Rádio Santana,
levávamos diariamente a palavra de ordem do partido.
Os adversários não se conformavam com nossa disposição de luta.
Notaram que não cederíamos às pressões e truculência. Buscaram nos
intimidar por outros meios.
A primeira investida foi a de realizar devassa nos documentos da
prefeitura. Julgavam que encontrariam irregularidades na administração
de Henrique Santillo.
Já naquela época, 1970, Henrique acreditava no desenvolvimento
do Município através da industrialização. Criou a lei municipal de
incentivo fiscal às empresas novas que se instalassem em Anápolis. Essas
empresas ficariam isentas do pagamento dos impostos municipais por um
período de 5 (cinco) anos.
Empresários anapolinos montaram nesse período, a Panificadora Bom
Jesus. Por se enquadrar ás exigências e benefícios da lei, requereram à
prefeitura a isenção de pagamento dos impostos municipais por cinco
anos. O grupo era formado por pessoas ligadas políticamente a Henrique
Santillo. O prefeito encaminhou a solicitação à Procuradoria municipal
para oferecer parecer jurídico. Seu parecer foi favorável à concessão da
isenção.Foi elaborada a minuta do decreto de isenção e anexada ao
requerimento.
Com base nessa devassa promovida em toda documentação da
administração de Henrique Santillo, a única coisa que encontraram foi
essa solicitação de isenção de pagamento de impostos municipais feita
pela Panificadora Bom Jesus.
Eu era deputado estadual. Numa sessão da Assembléia, quando
discursava criticando o governador Leonino Caiado, fui aparteado pelo
deputado Elcival Caiado. Além de primo do governador representava a
Arena de Anápolis. Levantou a questão do benefício fiscal que Henrique
Santillo fizera aos seus amigos da panificadora em Anápolis:
- “Vossa excelência está aí criticando o governador, mas se esquece
que o seu irmão Henrique Santillo, isentou de pagamento de impostos em
Anápolis, um grupo de amigos.”
- “ Não é verdade, deputado”, respondi.
Elcival foi até seu gabinete, e voltou com papel timbrado com o
brasão da prefeitura de Anápolis. Leu o inteiro teor do Decreto com o
nome do prefeito Henrique Santillo.
Assim que fez a leitura, para um plenário em silêncio, lhe respondi:
- “Esse documento não está assinado por Henrique Santillo!” Repeti por várias vezes que o documento não estava assinado.
Elcival Caiado reconheceu que não havia assinatura do prefeito.
Tratava-se da minuta de decreto. Mesmo sendo legal, o prefeito não havia
concedido o benefício à Panificadora Bom Jesus.
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