terça-feira, 2 de março de 2010

Biografia pela Fundação Getúlio Vargas

A Fundação Getúlio Vargas publicou Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro narrando os aocntecimentos mais importantes na vida do país no período de 1930 a 1983. Este trabalho teve a Coordenação de Israel Beloch e Alzira Alves de Abreu, editado pela Forense Universitária, em 1984, composto de quatro volumes.

O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, no volume IV, páginas 3079 e 3080 faz a seguinte referência sobre Adhemar Santillo:


SANTILO, Adhemar


Deputado Federal por Goiás em 1975


Adhemar Santillo nasceu em Ribeirão Preto-SP no dia 13 de novembro de 1939, filho de Virginio Santillo e de Elydia Maschietto Santillo. Seu irmão, Henrique Santillo, foi deputado estadual em Goiás de 1975 a 1979 e senador pelo mesmo Estado a partir de 1979. Iniciou sua vida política como chefe de gabiente do prefeito de Anápolis,GO, elegendo-se em 1970 deputado estadual em Goiás na legenda do Movimento Democrático Brasileiro. Assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte tornou-se nesta lesgislatura vice-líder da bancada de seu partido na Assembéia Legislativa. Em novembro de 1974 elegeu-se deputado federal por Goiás, ainda na legenda do MDB, assumindo uma cadeira na Câmara em fevereiro do ano seguinte após o término de seu mandato na Assembéia em janeiro anterior. Nessa legislatura foi membro da comissão de serviço Público e suplente da Comisssão de Desenvolvimento da região Centro Oeste. Integrante do grupo neo-autêntico, ala mais radial do MDB, engajada na denúncia da repressão policial aos estudantes e na defesa dos direitos humanos e da Constituinte-, foi eleito em 1977 2º Vice Presidente da Câmara. Na opinião dos moderados de seu partido lançou sua candidatura à Mesa Diretora da Câmara para criar problemas ao candidato Juarez Bernardes, também representante de Goiás que contava com apoio da maioria dos dirigentes do partido. Em novembro desse mesmo ano reuniu-se com mais de quinze deputados e com o Marechal Osvaldo Cordeiro de Farias para discutir a respeito da formação de uma Assembléia Constituinte e do processo de abertura política que começava a ser ensaiado no governo do General Ernesto Geisel (1974-1979).


Em novemro de 1978 reeleeu-se deputado federal na mesma legenda tendo sido o candidato mais votado em seu Estado. Ainda nesse ano deixou o cargo de 2º Vice Presidente da Câmara. Em março de 1979 apresentou um projeto propondo a revogação da lei que criou o Serviço Nacional de Informações – SNI e determinando as providências necessárias à incineração de documentos referentes a pessoas físicas e jurídicas dos arquivos desse órgão do Governo. Justificando sua proposta afirmou que o SNI “transformou-se numa verdadeira polícia política” que controlava a vida dos cidadãos, sendo portanto, “incompatível com a propalada intenção de abertura política”.


Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a consequente reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, tornando-se nesse mesmo ano Vice-líder de sua bancada na Câmara, função que desempenhou até 1980. Em janeiro desse ano, quando seu irmão Henrique Santillo foi derrotado na reunião da executiva por Iris Rezende, escolhido candidato ao Governo do Estado de Goiás, passou, juntamente com o irmão para o Partido dos Trabalhadores – PT. Em abril seguinte declarou, em entrevista ao jornal O Globo, que o país atravessava grave crise econômica e que os partidos políticos deveriam forçar o governo a formar um novo pacto social, legítimo e efetivo, através da convocação de uma Assembléia Constituinte. Defendeu ainda, a revogação de todos os atos de exceção, a liberdade sindical, a liberdade de imprensa, o direito de greve, a organização partidária sem qualquer obstáculo, enfim, o restabelecimento pleno do estado de direito, que permitiria ao povo expressar livremente a sua vontade.


No início de junho de 1980 afirmou que sairia do PT em obediência às suas bases políticas ressentidas com o veto imposto em reunião do partido à quatro políticos e com a saída de dois deputados estaduais por divergências ideológicas. Após viagem de consulta às suas bases em 42 municípios, anunciou sua decisão de deixar o PT retornando ao PMDB. Seu irmão decidiu permanecer no PT apesar das tentativas de adeptos do PMDB de fazê-lo retornar a esse partido, o que viria ocorrer somente mais tarde. Ainda em junho pediu ao plenário da Câmara a revisão da pensão concedida aos ex-presidentes da República e criticou o General Ernesto Geisel por ter aceitado o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Cia Petroquímica do Nordeste (Copene)-maior empresa do polo de Camaçari-(Ba)- e de sua subsidiária, Nordeste-Química (Norquisa). Afirmou ainda que Geisel “alugou” a essa empresa “seu prestígio, todo seu conhecimento sobre segurança nacional e suas relações na estrutura do poder”. Nessa ocasião o ex-presidente da República foi defendido na tribuna da Câmara pelo deputado Alcides Franciscato, do Partido Democrático Social-PDS.


Em novembro de 1980 após uma palestra numa entidade feminina de Goiânia sobre partidos políticos, sentiu-se observado num restaurante, sendo logo depois perseguido em seu automóvel, o que o levou a buscar refúgio próximo a um quartel do Exército. Ainda em 1980 tornou-se membro da Comissão Parlamentar de Inquérito-CPI, encarregada de investigar as causas das elevadas taxas de juros do sistema financeiro nacional e relator substituto da CPI encarregada de apurar atos de corrupção praticados por órgãos da administração direta e indireta da União. Em abril de 1981 propôs que todos partidos de oposição realizasem convenções extraordinárias para fixar posição contrária à prorrogação dos mandatos dos deputados federais e estaduais e afirmou que o PMDB também era contrário à sublegenda, ao voto distrital e à vinculação de votos. Nessa ocasião, juntamente com o deputado Hélio Duque, do PMDB do Paraná, solicitou ao presidente da Câmara, deputado Nelson Marchezan, uma investigação junto ao Banco Central para apurar os nomes dos deputados que teriam recebido empréstimos do Banco do Estado de São Paulo-Banespa, por determinação do Governador do Estado, Paulo Salim Maluf, em troca do apoio à prorrogação de mandatos. Em agosto seguinte acusou o Governo na CPI que apurava a corrupção na administração pública, de incentivar essa prática nos órgãos federais, que haviam dificultado a ação do Tribunal de Contas da União – TCU, no exame das contas da Fiação e Tecelagem Lutfalla, pertencente à família do Governador Paulo Maluf, que sofrera intervenção governamental devido a irregularidades financeiras. Em dezembro desse mesmo ano a partir do relatório dos deputados que participaram dessa CPI, Santillo pediu providência no sentido da instauração de uma ação penal contra Paulo Maluf, Ibrahim Abi-Ackel, então Ministro da Justiça e José Paulo dos Reis Veloso, ex-Secretário do Planejamento, por crime contra a administração pública.


Em junho de 1982, visitando a cidade de Itapuranga-GO, juntamente com o senador Lázaro Barbosa, foi vítima de um atentado praticado por integrantes do diretório municipal do PMDB daquela cidade. Vários parlamentares foram unânimes em garantir, contudo, que o atentado constituía fato isolado não comprometendo a unidade do partido em Goiás. Durante essa legislatura integrou as Comissões de Ciência e Tecnologia e de Constituição e Justiça e foi suplente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara do Deputados.


Em novembro de 1982 reelegeu-se deputado federal por Goiás, ainda na legenda do PMDB.


Casou-se com Onaide Silva Santillo, com quem teve três filhos.


Fontes: Câmara dos Deputados; Câmara dos Deputados: Deputados Brasileiros

Repertório(8 e 9); O Estado de São Paulo (3.06.80; 31.03, 5.08, 12.12.81); Folha de São Paulo (24.04.81); O Globo (17.01, 27.04 e 10.06.80 e 24.04.81); Jornal do Brasil (02,11 e 12 de 77; 10.03 e 26.09.79; 10 e 27.06.80; 23.04 e 11.06 de 82); Neri, S. 16; Perfil (1980); Tribunal Superior Eleitoral, dados (9).

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