quinta-feira, 14 de junho de 2012

Calaram nossa voz no rádio


A vitória da Arena para a Câmara Municipal de Anápolis, nas eleições de 1976, se deu por que o prefeito Jamel Cecílio, usou de todos os expedientes legais e pressões possíveis, para formar uma chapa de candidatos fortíssima. Eleitores tradicionais do MDB se filiaram e quase que à força, fizeram parte da chapa arenista. A pressão sobre o eleitorado, principalmente da classe média, foi indescritível. Esses fatores, aliados à chapa incompleta de candidatos emedebistas, garantiram a vitória arenista. Mas, para nossos adversários a vitória da Arena em 1976, se dera em consequência de terem, em maio de 1975, tirado do ar a Rádio Santana. A emissora em que apresentávamos diariamente o programa “O Povo Falou, tá Falado”.

O trabalho dos nossos adversários, inclusive gente do MDB, era encaminhar fuxicos diários ao Serviço Nacional de Informações - SNI, pedindo o fechamento da Rádio Santana e a cassação dos nossos mandatos. Não conseguindo nos cassar, que pelo menos a Rádio fosse fechada. Queriam nos afastar do contato político que tínhamos com a população, pelo rádio.

Antes do fechamento da Rádio Santana, três vereadores do MDB passaram, já naquela legislatura de 1971, a votar sob a orientação arenista, na Câmara Municipal: Lincoln Xavier Nunes, João Divino Cremonez e Pedro Sérgio Sobrinho. Os golpistas contaram com o sistema de repressão estadual, Polícia Federal e outros instrumentos de repressão, usados pela ditadura militarista, para prender e torturar emedebistas autênticos, como fizeram por três vezes consecutivas, com o vereador Walmir Bastos Ribeiro, presidente da Câmara Municipal. As prisões aconteceram para forçá-lo a renunciar à Presidência da Câmara. Queriam sua renúncia para elegerem um novo presidente. Com isso, pretendiam afastar da Prefeitura, Henrique Santillo. Como Walmir não cedeu às pressões, o prenderam por três vezes de forma arbitrária. Foi torturado, mas, não renunciou. Isso garantiu que Santillo continuasse prefeito.

Já na posse do Prefeito José Batista Júnior (MDB), substituindo a Henrique Santillo, policiais militares do Estado, invadiram transmissores e estúdios da Rádio Carajá, comandada pelo grupo santilista, devolvendo-a ao seu antigo proprietário, Plínio Jayme.

Cassaram, em 28 de agosto de 1973, o prefeito José Batista Júnior e impediram que o vice-prefeito Milton Alves, assumisse o cargo. Transformaram o Município em Área de Segurança Nacional e o engenheiro Irapuan Costa Júnior assumiu a Prefeitura.

Como em abril de 1973, menos de 60 dias da invasão e tomada da Rádio Carajá pela Policia Militar do Estado, adquirimos o controle da Rádio Santana, os arenistas e adesistas do MDB em Anápolis, atribuíam ao programa “O Povo Falou, Tá Falado,” a estupenda vitória que nós conseguimos no Município em 1974.

A Rádio Santana teve o seu transmissor lacrado e foi retirada, definitivamente, do ar, em maio de 1975. Derrotados fragorosamente em Anápolis, nas eleições de 1974, os adversários tentavam justificar a derrota ao nosso trabalho na rádio. Fechada pelas forças da reação em maio de 1975, os arenistas ficaram eufóricos com a vitória para a Câmara Municipal em 1976, atribuindo ao silêncio da nossa voz no rádio o fator principal do sucesso eleitoral. Acreditavam que havíamos chegado ao fim político.

Na eleição seguinte, a última entre MDB e Arena, ocorrida em 1978, nossa vitória em Anápolis foi estrondosa e consagradora.

Isso deixou mais uma vez claro, que mesmo com toda a violência praticada pelos representantes da ditadura, nos tomando a prefeitura através do Ato Institucional nº 5 (AI-5), prendendo inocentes, fechando de emissoras de rádio, continuamos, com apoio do povo anapolino na caminhada vitoriosa pela redemocratização do Brasil... (continua).

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