quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mesmo com tudo contra, ganhamos

Mesmo com a invasão e tomada da Rádio Carajá por forças militares do Estado; cassação do mandato do prefeito José Batista Júnior; transformação de Anápolis em Área de Segurança Nacional; investida em busca de adesão de vereadores e lideranças emedebistas; uso dos órgãos de repressão; abuso do poder econômico e, corrupção eleitoral, vencemos as eleições de 1974, em Anápolis.

Lázaro Barbosa, eleito senador pelo MDB, obteve votação estrondosa dos anapolinos. Henrique Santillo, candidato a deputado estadual, conquistou mais de 16 mil votos no Município. Eu, como candidato a deputado federal, fui o mais votado em Anápolis, com mais de 17 mil votos. Ao final da apuração, Henrique sagrou-se vencedor como o mais votado, dentre todos os deputados eleitos, obtendo mais de 33 mil votos. Eu, com mais de 48 mil sufrágios, fui o segundo mais votado do MDB, dentre os cinco eleitos. Juarez Bernardes, candidato à reeleição foi o mais votado do Partido. Os três outros eleitos pela legenda foram: Genervino Evangelista da Fonseca, Iturival Nascimento e Fernando Cunha Júnior.

O MDB saiu revigorado com esse resultado. O uso, com competência, do rádio e da televisão, pelos candidatos do partido, no horário eleitoral gratuito, foi o grande instrumento que provocou uma verdadeira revolução pelo voto. Até mesmo nossos companheiros que não disputaram a eleição em 74, se revigoraram e voltaram à atividade política. Anapolino de Faria e José Freire, na reta final da campanha, mesmo não havendo registrado suas candidaturas, participaram de forma intensa da campanha emedebista. Trabalharam, principalmente, em favor da candidatura de Lázaro Barbosa, ao Senado.

Tomamos posse em fevereiro de 1975. Imediatamente, já nos preparávamos para enfrentar, em 1976, a primeira eleição municipal sem a eleição para a Prefeitura de Anápolis. Irapuan Costa Júnior assumiu o governo do Estado. O governador Leonino Caiado, com a indicação de Irapuan à Convenção da Arena estadual, indicou para a Prefeitura de Anápolis, o professor Eurípedes Junqueira. Mesmo tendo sido derrotado por José Batista Júnior, na disputa de 1972, Junqueira assumiu o cargo. Sabia que, com a investidura do novo governador, seria, como de fato foi, afastado. Aprovado pelo Presidente Médici, Eurípedes Junqueira permaneceu à frente da Prefeitura, até a posse de Irapuan. Assim que assumiu o Governo, Costa Júnior afastou Eurípedes e designou o empresário Jamel Cecílio para a Prefeitura. Coube a Jamel organizar a chapa de vereadores da Arena, para o pleito de 1976.

Preocupados com a vitória que nós do grupo Santillo, obtivemos nas eleições de 1974 em Anápolis, os arenistas continuaram com suas perseguições ao MDB Autêntico. Passaram a cobrar da Polícia Federal e órgãos dos demais da ditadura ligados à repressão, que atuavam em Goiás, o fechamento da Rádio Santana.

Toda a programação da emissora, onde diariamente Romualdo, Henrique e eu apresentávamos o programa “O Povo Falou Tá Falado”, era gravada em fita K-7, repassada ao setor da censura, na Polícia Federal. Os advogados Altair Garcia Pereira, o “Braguinha” e Vicente de Paula Alencar, todos os dias tinham que responder a ofícios e mais ofícios que chegavam do Dentel, em Goiânia, querendo informações sobre denúncias que os arenistas faziam contra nós. A manutenção das despesas da Rádio Santana era feita por nós. Não tínhamos anunciantes. Os poucos que se atreviam a nos ajudar eram perseguidos com fiscalizações específicas nos seus estabelecimentos comerciais. O cerco aumentava dia a dia em intensidade e tamanho... (Continua)

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