Em 1972, o prefeito Henrique Santillo desejando modernizar e ampliar o serviço de água e esgoto do município de Anápolis, pleiteou financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Administrava o serviço, a Superintendência Municipal de Saneamento-Sumsan. Esbarrou na exigência da Caixa, de só financiar projetos que pertencessem às empresas estaduais. Não tendo alternativa, e para não prejudicar a população, o prefeito transferiu para a Saneago o comando do serviço de água e esgoto e todo o patrimônio que pertencia à Sumsan.
Como Governador, em 1987, portanto há 24 anos, o destino reservou a Henrique Santillo realizar o que planejara como prefeito. Implantou no Município importante sistema de captação e tratamento do esgoto domiciliar. Foram aplicados mais de cem milhões de dólares. A maior obra pública realizada em favor da população de Anápolis em todos os tempos. Tudo financiado pela Caixa Econômica Federal. A rede coletora que existia, até então, atendendo precariamente ao setor central da Cidade, foi toda refeita por rede moderna, resistente e de grande vazão. Todos os bairros existentes e minimamente habitados foram beneficiados. Quase toda a área territorial urbana existente recebeu o serviço de esgoto. O sistema recebeu moderníssima estação de tratamento. Sepultado de uma vez por todas o esgotamento, sem qualquer tratamento, esgoto que era despejado no Córrego Antas sem tratamento, agora voltava com águas cristalinas ao leito do referido curso d’água.
Esse serviço extraordinário aliado ao abastecimento de água potável às regiões da Jaiara, Alexandrina, Boa Vista, Santa Isabel, Jardim América, Santa Maria de Nazareth, Fabril e dezenas de outras, pelo sistema do Ribeirão Piancó, realizado na administração de Íris Rezende Machado, foi marcante para se melhorar as condições de vida dos anapolinos. Os mais de quatro milhões de metros quadrados que fizemos de asfaltamento na cidade consolidaram essa melhoria. Mortalidade infantil caiu. Doenças respiratórias e todas aquelas originárias da falta infraestrutura sanitária como diarréia, hepatites, dengue e poliomielite foram reduzidas a níveis das cidades desenvolvidas.
Passados 24 anos da execução daqueles serviços, pouco ou quase nada foi acrescido ao que existia. A extensão do serviço de água potável que houve, foi realizada na administração de Maguito Vilela, governador e nossa como prefeito, em 1998. Aproveitando o excedente da água do Distrito Agro Industrial de Anápolis-DAIA foram atendidos bairros como Santo André, São João, Calixtolândia, Pólo Centro, Vivian Parque, Calixtópolis, Vila União, Paraíso, Novo Paraíso, Parque das Primaveras, Mariana e outros. Atendimento que é emergencial e precário poderá ir ao colapso com a inclusão do Residencial Copacabana, com 1300 residências do programa Minha Casa, Minha Vida, que também será abastecido pelo mesmo sistema do DAIA.
Essa falta de investimento em saneamento em Anápolis nestes últimos 24 anos, conforme dados do Sistema de Informações em Saúde, do Ministério da Saúde, está provocando graves consequências à saúde dos anapolinos. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, sobre Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População, em municípios com mais de 300 mil habitantes, revela que Anápolis está entre os município com a maior incidência de diarréia, provocada por falta de saneamento. São 325,7 internações para cada grupo de 100 mil habitantes. Três vezes mais que a média brasileira de 107,4 internações por diarréia, para cada grupo de 100 mil habitantes. O Município ocupa o lamentável 8º lugar, em nível nacional, sobre pessoas com diarréia, por falta de saneamento. Quando se trata dos custos dessas internações para a saúde pública, a diarréia causada pela falta de saneamento em Anápolis fica em 3º lugar. Só gastam mais que Anápolis, no tratamento à diarréia, Vitória da Conquista (BA) e Maceió (AL).
Anápolis em 2003, treze anos após Henrique Santillo ter construído essa importante obra, ocupava o 16º lugar entre os municípios goianos mais bem servidos pelo serviço de esgoto. Em 2008, data em que a pesquisa foi realizada pelo Ministério da Saúde, caiu para a 47ª posição. Culpa da falta de investimento em saneamento e expansão desordenada de novos loteamentos. População convivendo com fossas e cisternas, sofrendo diversas doenças que já não existem no mundo civilizado. Hoje, pelo exagerado crescimento urbano e ausência de saneamento, a situação é mais dramática que em 2008. Está passando da hora de o poder público agir, tomando as necessárias providências. Anápolis que já foi referência de cidade mais bem servida com saneamento em Goiás, ocupa, hoje, o humilhante terceiro lugar no Brasil, em gastos com internações por diarréia, pela falta de infraestrutura sanitária. Essa posição é um dado relevante de alerta. Não podemos deixar que o troféu de campeão nacional da diarréia venha para Anápolis na próxima pesquisa.
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